Palavras quebradas, frases desconexas...

Mais uma madrugada. Queria estar no meu banco do calçadão da Praia dos Anjos, mas quando cheguei lá um casal de namorados ocupava meu santíssimo lugar. Eu até poderia sentar em outro banco um pouco distante, mas talvez qualquer mínima presença os incomodasse. Na verdade a mínima presença deles me incomoda - só a lembrança deles já está me dando nos nervos.

Sempre fui muito carente, mas desde semana passada que minha carência está ao extremo. Já foram muitas as vezes em que tive enorme vontade de abraçar a Line ou a Vê - elas são tão meigas. Mas, sei lá, tenho uns belos "traumas" relacionamentais e não consigo me aproximar dos outros...

Será que elas se importariam de abraçar um carente como eu? Será que elas se importariam com o fato de eu as chamar de Line e Vê? Será que um dia elas lerão esse texto? Sinceramente espero que não...

Merda... Esse texto está pessoal demais, mas não vou voltar atrás com minhas palavras. Não gosto disso.

Como não pude escrever no calçadão da Praia dos Anjos, mas queria muito escrever ao ar livre, procurei o local mais próximo e isolado da cidade que tivesse boa iluminação. Acabei vindo para uma pequena pracinha perto da casa de meu amigo Leandro.

Queria fumar um cigarro... Não, eu não fumo! Mas já faz uns dias que estou numa puta vontade de fumar um cigarro - não me pergunte por quê. Talvez eu tenha me viciado como um fumante passivo por conta de meus amigos fumantes. Dane-se, não quero explicações, só quero um maldito cigarro. Se eu dissesse isso para meus amigos, alguns me diriam: "Você ta doido?"; outros me ofereceriam um cigarro dizendo: "Já tava na hora de começar...". No final das contas acabaria fumando.

Mais uma vez a Line e a Vê invadem meus pensamentos. Acho estranha a freqüência com que penso nelas, mais estranho ainda o modo como começo a pensar nelas de repente, assim do nada. Como quem chega derrubando a porta e te pegando de surpresa.

Acho que agora entendo por que estou louco por um cigarro. Gosto de adotar um vício novo pra substituir outro. Elas são meu vício, essas duas viciam muito, estou me viciando cada vez mais, pouco a pouco. Sei lá, ambas possuem um jeitinho que não sei distinguir, mas que não consigo esquecer... Nem viver mais sem. Definitivamente espero que elas nunca leiam isso!

Tudo é tão estranho, me faz ter cada vez mais desejos de ir à escola. Muito estranho. Quando chego à sala de aula fico com enorme vontade de demonstrar essa coisa estranha que eu sinto, mas no final fico com o pé atrás. Por conta disso também fico meio deprimido...

Acho que ainda estou deprimido, só de leve. Sinto-me ultrapassado, obsoleto, obtuso. Pensando bem, me sinto como um pedaço de merda qualquer feito por um vira-lata qualquer numa esquina de rua qualquer.

Não nasci para viver em meio a outras pessoas. Nasci para viver acerca de minhas próprias sombras. Sei lá, sou tão confuso. Minha cabeça é como um borrão de palavras multicoloridas e bizarras que se fundem com o papel numa pintura surrealista e nefasta de significado desconhecido. De certa forma, acho que acabei de descrever esse meu texto que estou escrevendo...

O vento frio da madrugada me envolve e quando o respiro meus pulmões gelam enquanto minha espinha estremece. Isso é bom. Pela primeira vez em meses, talvez anos, estou tremendo de frio. Já estava começando a pensar que eu era uma bizarrice da natureza.

Acho melhor escrever logo as últimas linhas e palavras. São quase três horas da madrugada e ainda tentarei escrever outras coisas quando chegar em casa.

Esse texto ficou incomum, porém especial. No fundo acho que tentei escrevê-lo para que Line ou Vê o leia. Mas duvido que eu tenha coragem de mostrá-lo a elas. Ficou pessoal demais, deixei cair totalmente minha máscara nessas palavras. Não será qualquer um que lerá isso aqui, mas talvez eu mude de opinião.

Bem... Seja lá quem você for meu caro leitor, saiba que é muito paciente. Pois eu duvido que esse texto prenda alguém até aqui com todas essas palavras quebradas e frases desconexas.

18 de Abril de 2008