OFENSA E MÁGOA

A princípio, o título deste texto pode parecer estranho para uns e normal para outros leitores. Entendo que a ofensa e a mágoa andam juntas pelos caminhos de nossa vida. Tanto podemos ofender e magoar quanto sermos ofendidos e magoados. Já ouvi dizer de pessoas esclarecidas e que trabalham com relacionamento humano, que “mágoa é coisa de criança”. Eu não concordo com essa afirmativa. Magoar-se faz parte de nosso interior, de nossos sentimentos.

Resolvi escrever este texto sobre o assunto após ter lido uma frase de Nicolau Maquiavel que diz assim: “Os homens ofendem mais ao que amam do que ao que temem”. Achei perfeita essa colocação do – entre outros títulos – poeta italiano que viveu em Florença, entre os anos de 1469 e 1527.

A frase é de uma verdade absoluta, pois, via de regra, é exatamente assim que age o ser humano em relação às pessoas que o cercam.

Comece a prestar atenção daqui pra frente em como você age com as pessoas que ama e com aquelas com quem não tem muita afinidade, ou que até pode dizer que não gosta, não importando aqui os motivos.

Não sou nenhum especialista em psicologia, ou seja lá quem estuda isso. Talvez, um especialista da vida, que já passou, passa e certamente ainda irá passar por essas situações - ofendendo e magoando, sendo ofendido e sendo magoado.

E, sendo assim, me pego pensando nas muitas bobagens que já fiz e que causaram mágoa a algumas pessoas de meu relacionamento, a quem amo verdadeiramente. Nas vezes em que ocorreu o inverso, não penso muito, não, visto não me incomodar. O que me incomoda mesmo são as tais bobagens às quais me referi acima.

Creio que um bom exemplo disso é o que fazemos em relação a nossos próprios filhos. Para nós, pais corujas, os filhos parecem nunca crescer, e continuamos a tratá-los como crianças ou promissores adolescentes quando já estão entrando na fase adulta. E cometemos atitudes simplesmente ridículas, fazendo com que por muitas vezes eles se sintam magoados pelo fato de ainda os tratarmos assim. Coisas de pai e mãe.

Aquele amigo que lhe ajuda tanto, que tanto lhe compreende e que sempre está presente nos seus piores momentos, é capaz de ser simplesmente esquecido por você quando ele também mais precisar. O vício leva a isso; o vício de ser gostado e não se lembrar de retribuir.

Entretanto, não vejo com bons olhos aquela dita obrigatoriedade de sempre ter que haver retribuição ao que é feito por nós, como que parodiando a física, ao dizer: a toda ação corresponde uma outra ação (ao invés de reação), igual e contrária. O viver não é algo exato e que deva ter as nossas atitudes calculadas através de fórmulas matemáticas. O viver é procurar ser feliz e bom para as pessoas, inclusive para Deus.

Escrevi este texto talvez motivado pela necessidade de me redimir perante pessoas muito especiais para mim, e a quem possa ter causado alguma profunda mágoa depois de prováveis bobagens que tive o desprazer de cometer.

E termino dizendo simplesmente: reflitam muito sobre isso.

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Arnaldo Agria Huss
Enviado por Arnaldo Agria Huss em 25/05/2008
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