Até que enfim caiu a ficha

O Congresso Nacional, após sofrer um enorme descrédito popular durante a legislatura de 2005, devido aos escândalos de corrupção envolvendo diversos parlamentares e também por revelar, e isso já vem de longa data, um grande despreparo e falta de interesse em cumprir com os seus deveres de forma mais eficaz, resolveu agora, para tentar recuperar um mínimo de credibilidade, tomar algumas medidas cortando certos privilégios que se julgava merecedor e que havia ele próprio atribuído a si mesmo.

Como dizem por aí, caiu a ficha. Decidiram reduzir os noventa dias de recesso a que julgavam tinham direito e aboliram a remuneração em dobro que recebiam em períodos de convocação extraordinária.

Puxa, como demoraram a visualizar o óbvio. Esses benefícios eram uma verdadeira afronta à nação. Especialmente à uma nação pobre como o Brasil.

Mas eles tomaram essa atitude porque se viram numa situação complicada. E não se iludam. Tais medidas foram acordadas para salvar a própria pele dos parlamentares. Eles estavam de tal forma envergonhados com a sua atuação que se viram obrigados, pela pressão da sociedade, a abrir mão de regalias que eles, e mais alguns outros setores privilegiados da república, vinham e vêm desfrutando em detrimento do conjunto da população.

É preciso ficar claro que qualquer cidadão que se propõe a abraçar a causa pública tem o dever, em primeiro lugar, de querer servir a esta mesma causa. E servir com abnegação e até com sacrifícios pessois. E com muito orgulho. Assim não sendo, devem procurar outra atividade qualquer.

Agora ficamos na expectativa de que tenham a lucidez de que devem trabalhar seriamente, sempre em benefício do povo que os elegeu e os paga. E um pouco de sensatez e organização é o que se espera dos congressistas. Vamos aguardar para ver o que mais está para acontecer.

Ufa, até que enfim caiu a ficha.

Augusto Canabrava
Enviado por Augusto Canabrava em 19/01/2006
Reeditado em 27/01/2006
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