UM NEGUINDO DE DIAMANTE E UM KHRYSTAL DE OURO

No dia 13 de maio de 2008, o teatro Alberto Maranhão deu uma de bamba e literalmente sambou com as duas extraordinárias atrações do projeto Seis e Meia. O público, bastante heterogêneo, fez da palma das mãos e da sola do pés, o acompanhamento que todo bom sambista gosta de ver e escutar. Poucos permaneceram sentados e creio que até mesmo a estátua bronzeada do hall do teatro teve vontade de soltar a velha luminária para cair, descalça e jovial, na cadência do samba do grupo potiguar Canteiros do Samba, que ao final do show, se fez acompanhar pela excelente sambista e intérprete Khrystal, prata da casa, que com seu talento vocal, anda fazendo muito sucesso por aqui e sendo com freqüência requisitada para shows em outros estados, como agora mesmo, e por ela anunciada com orgulho, atração em Aracajú e Salvador.

Com um vestidinho preto, lantejoulas prateadas na barra, Khrystal causou frisson na platéia com seus breques no sambado, fazendo aqui e ali, esvoaçar o vestido e exibindo além de belas pernas, uma deliciosa tanguinha preta, aliás, cor predominante dos sambistas, e só contrastada pela bela iluminação de Castelo Casado, que deu em homenagem ao estilo musical eminentemente brasileiro, o tom verde-amarelo desta terra brasilis.

Neguinho da Beija-Flor deixou a platéia um tanto irritada, pois ao ter anunciada pela apresentadora do evento, a atração nacional, teve que ficar olhando para um palco escuro, apenas com instrumentos musicais, enquanto um som de piano ou órgão ecoava não se sabia de onde. O mistério se desfez, já quase ao som da exasperação de alguns mais impacientes na platéia, era Neguinho que aparecia de casaco amarelo, calça e camiseta pretas, medalhão de ouro no peito e anelão de bamba, cantando por entre as cadeiras do teatro. Entrou manso como gato, num balançado quase em câmera lenta e com um sorriso maroto contornando-lhe o vozeirão. Atravessou o teatro e subiu no palco, onde brilhou feito diamante, acompanhado por músicos potiguares e cariocas da gema. Neguinho disse de sua alegria por estar voltando a Natal pela segunda vez, depois de 12 anos de ausência. O show terminou com declaração de amor à sua Beija-Flor e com músicas que relembraram a voz marcante de Tim Maia, pois festa que se prese tem que acabar em festa. Para matar a saudade, de lembrança trouxe para casa o seu CD e a vontade de reviver algum dia o batuque gostoso do samba, porque sou bom sujeito da cabeça ao solado do pé.

Marcos Cavalcanti
Enviado por Marcos Cavalcanti em 28/05/2008
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