O EU E O PRONOME NÓS

Por que algumas pessoas têm dificuldades com o pronome nós? Sabem dizer eu quando se referem a auto-elogios, a auto-realizações, quando demonstram poder ou quando se apresentam como vítimas (eu sou, eu fui, eu faço, eu mandei, etc.).

Sabem dizer tu, vós, ele ou eles quando apontam culpados. Porém, dificilmente dizem nós (ou eu) com sentido de autocrítica ou participação conjunta. Falar de nós implica em divisão, compartilhar indistintamente o que é bom e o que é ruim.

Quem tem dificuldade em falar de si, de seus erros, de se sentir incluso entre as pessoas que erram, não sabe dividir, não sabe se sentir igual – tem necessidade de se sentir melhor que os outros. Falta-lhe, sobretudo, humildade.

Quantas pessoas desse tipo fazem parte do nosso convívio? O emprego do pronome nós é a base da liberdade, da igualdade, da participação, da democracia; sempre que é dito com sinceridade está associado à ausência de vaidade pessoal. É por esta razão que os tiranos, os vaidosos e manipuladores, de um modo geral, jamais conseguem dizê-lo com o coração. Dizem-no, no máximo da boca para fora, como plural de cortesia, para angariar a simpatia dos súditos incautos e manterem o poder de manipulação.