UM PESADELO
Eu era um negro escravo, da era colonial.
Amarrado ao tronco, eu sentia que as moscas vorazes sugavam o sangue de minhas costas, terrivelmente lanhadas pelo chicote do feitor.
Eu já nãp tinha forças para gemer: minha língua estava gtossa e a garganta, seca... o sol era abrasador e a sede irresistível!...
Em meu cérebro bronco, um único pensamento cabia: fugir! Fugir para bem longe, onde eu pudesse levar minha sossegada viba de negro, sem que nenhum branco me atormentasse!...
Um nevoeiro impedia-me a visão.
Eu vi, então, aparecerem à minha frente, as carantonhas sorridentes dos outros escravos do engenho. Estavam zombando de mim!... Vi, também, o rosto severo do senhor, abrandar-se num largo sorriso e a cara larga do feitor, deformada palas gargalhadas estridentes que soltava. Todos riam da minha desgrala.
De repente, todos aqueles fantasmas deram lugar a uma imagem de mulher, circundada por um halo resplandecente.Era ela, Sinhazinha, a loura filha do senhor.
Estava linda, naquele vestido branco, com que costumava ir à missa aos domingos!...
Seus esvoaçanfes cabelos dourados emolduravam-lhe o rosto oval, branco, muito branco, mesmo, como a cambraia branca do seu vestido.
Seu olhar, frio como a lâmina de uma faca, penetrava-me a alma que eu, envergonhado, tentava esconder, desviando os olhos.
A pouco e pouco, sua fisionomia se foi transformando, seus lábios vermelhos foram-se abrindo num sorriso encantador que, não obsrante, era desdenhoso e zombeteiro... E esse sorriso foi aumentando, aumentando, até estalar numa sonora gargalhada.
Fechei os olhos injetyados, para fugir àquela alucinação.
Quando os abri, já nada havia mais que a densa e escura névoa.
A gargalhada ecoava aibda em meus ouvidos, sumindo aos poucos... O zumbido dos insetos era uma longínqua música...
De repente, uma enorme mosca penetrou-me no ouvido!...
...........................................................................................................................
A brincadeira de um colega, introduzindo-me, na orelha, um papel enrolado. acordou-me do horrível pesadelo...