A risada da velhinha

A cidade de Araguaiana no interior de Mato Grosso protagonizou um acontecimento inusitado, daqueles que quando contados, faz qualquer um rir até a barriga doer. E a história se inicia assim. Uma senhora aparentando seus 65 anos acompanhada de seus 5 netinhos estava sempre pescando numa curva do rio Araguaia, localizada a uns 8 quilômetros distante da cidade de Araguaiana. Todos os dias essa senhora era vista pescando para o sustento de sua família. O fruto dessas pescarias dava para alimentar aquelas 6 pessoas. Isto já vinha acontecendo há alguns anos, tanto é que pela assiduidade dessa senhora naquele rio, o povo da região já apelidara aquele local de poço da Vovozinha, em homenagem aquela senhora que ao entardecer de todos os dias marcava presença ali. Os habitantes da região a respeitavam muitíssimo, pois sabiam que ela estava buscando o alimento de cada dia.

Num dia qualquer do mês de novembro de 1976, quando aquela senhora encontrava-se pescando como o de costume, surge repentinamente uns 10 rapazes, todos de porte atlético, aparentando terem de 18 a 20 anos cada. Esses malfadados vândalos escolheram talvez propositadamente o poço da Vovozinha para fazerem suas exibições acrobáticas, saltando e fazendo evoluções dentro do rio. Alguns ainda subiam na copa da árvore, uma gameleira frondosa, e pulavam como se estivessem usando um trampolim para saltar. Diante desse imprevisto, a senhora sexagenária pedia insistentemente para eles irem para outro local, pois do jeito que faziam estavam espantando os peixes, impedindo-a de pescar o alimento tão precioso. Quanto mais ela pedia, mais os rapazes davam gargalhadas debochativas que ecoavam por toda a margem do rio. Essas indesejáveis pessoas continuavam pulando sem dar a mínima atenção aos clamores da pobre senhora. Era uma zombaria sem igual.

De repente, como que milagrosamente, surge um anjo em forma de homem que a tudo espreitara de longe, e parte em defesa da pescadora. Virando-se para os rapazes foi logo dizendo: por que não vão para outro local ou para suas casas e deixem de perturbar essa senhora? Por enquanto estou lhes pedindo, mas se não atenderem terei que usar a força. Ai sim, o deboche foi geral, pois, apesar de contas, eles eram bem mais numerosos e se sentiam os donos da parada. Continuaram a fazer suas piruetas, não atendendo à solicitação daquele homem e diziam que os incomodados é que deveriam se retirar.

Por isso, quando eles, já em cima da árvore, se preparando para pular no rio, ouve-se a voz daquele senhor, que já tinha uma arma de fogo em uma das mãos, dizendo: “Desçam da árvore sem pular no rio e casquem fora sem olhar para trás e sem dar uma risada sequer, pois de agora em diante quem poderá rir à vontade é a minha amiga, a pescadora”. Nem é preciso nem dizer que a velhinha com os seus netos sorriam de contentamento ao ver os vândalos recebendo aquela lição, sendo expulsos e humilhados daquela maneira.

Amarú Inti Levoselo
Enviado por Amarú Inti Levoselo em 06/06/2008
Reeditado em 06/06/2008
Código do texto: T1021755
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