UM SUSTO! ! !

Em uma de minhas viagens com papai a fim de visitarmos parentes, eu devia ter uns 6 anos, fomos ao Jardim Botânico, no Rio de Janeiro.

Havia uma notícia de que tinha chegado uma novidade lá no Zoológico.

Lá fomos nós: papai, umas duas primas dele e eu. Não me lembro se minha irmã foi junto.

Entramos pelo enorme portão de ferro, que eu não soube apreciar porque ainda não sabia o valor de uma obra de arte. Nem preciso dizer sobre a exuberância da vegetação. Afinal, estávamos no Jardim Botânico.

Eu me distraía com tanta flor e era preciso que me puxassem pela mão para que não ficasse pra trás.

Fomos andando pelas inúmeras alamedas do Jardim e eu, ansiosa, para ver aquela novidade que diziam ser muito impressionante! Nem imaginava o que seria!

Bem lá pelo meio do parque, duas alamedas se encontravam e formavam uma espécie de praça. De um lado desse largo, no lado oposto de onde tínhamos vindo, havia um ferro semelhante a um corrimão, que batia mais ou menos na altura dos meus ombros. Calculo uns 80 cm do chão.

Cansada de tanto caminhar, passei meus bracinhos por cima daquele corrimão e fiquei olhando as pessoas que subiam pelas duas alamedas.

Eis que, se não quando, ouvi um barulho nunca dantes ouvido, medonho, atordoante, cavernoso, parecendo sair do fundo de uma caverna, exatamente atrás de minhas costas! Não olhei sequer para trás ou em volta. Disparei a correr alameda abaixo, ziguezagueando para desviar das pessoas, gritando meu grito agudo de menininha apavorada.

Atrás de mim, vinham papai e as primas, também correndo e gritando:

-Pára, Rachelzinha, espera, pára.

Parar o quê? Quem dizia que eu queria ou ia parar?

O receio de todos é que eu saísse pelo portão afora, sem olhar para onde ia, atravessando a rua movimentada, sem parar. Felizmente, papai conseguiu me alcançar antes que saísse e me abracei a ele chorando, aos soluços e gritando apavorada:

-É um bicho, papai, vem vindo, vamos embora, vamos embora.

Foi um custo conseguir me acalmar.

Depois, com muita paciência, papai me explicou que o bicho estava preso em uma jaula de ferro, sem perigo algum para nós. Conseguiu me levar até aquele corrimão, que nada mais era que a proteção, o limite para que ninguém chegasse muito perto da jaula.

Olhei o bicho. Impressionante!

Até hoje nunca vi um leão tão grande como aquele. Não sei, não. Pode ser que era muito grande porque eu era muito pequena. Sei lá.

Foi assim que eu conheci um leão pela primeira vez.

Rachel dos Santos Dias
Enviado por Rachel dos Santos Dias em 07/06/2008
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