Mulher sem Terra.

Por que amo assim tão violentamente? descubro de repente que sem aquela pessoa não posso viver! é impossível prosseguir sem ter ao menos um pequeno rastro de onde andaria aquele ser vivente que de repente abriu uma tenda no meu coração. Bateu estacas, acendeu fogueira, acampou para sempre ali.

Misericórdia dessa minha alma louca que só quando ama encontra sossego dentro do corpo.

Mas mesmo assim é um corpo que se sacode, que procura como a menina no espelho ajeitando o vestido, chacoalho de lado a outro para ver se encaixa.

Falta aquele menino do colégio, o porteiro do hotel onde passei as férias de 89, falta o professor de violão, o psicanalista, o sensei careca de kimono cor de nuvem e faixa preta de cetim.(ah...aquelas inscrições em japonês)!!!

Meu Deus, que mulher é essa sem sossego que só se apaixona por figuras de autoridade, verdadeiras figuraças.

Precisarei tornar-me uma espécie de Sacerdotisa para começar a amar o mortal, o comum, o igual?

Que relação de poder é essa que não se iguala, não perfila, não homogeniza... que tristeza, que solidão, que saudade da praia do Forte.

Preciso do homem que me pegue, me instrua, consiga provar-me que é capaz de ser meu.

Preciso do homem que se responsabiliza, autoriza, consente e assume.

"Aquele" homem que sustenta o mundo num olhar mais cinza que tempestades anunciadas.

Preciso aprender a amar, só sei apaixonar. Um bebê que se recusa a ficar sobre os dois calcanhares pois quadrúpedes sem dente ganham mais atenção.

Aprender a amar a mulher que se chacoalha dentro de mim, manter a calma, respira, isso...vai passar. Olha lá aquele segurança de terno preto e microfone da Madonna. Tá vendo? não falei que passava?!

Pisca pra ele vai.

Voando Alto
Enviado por Voando Alto em 11/06/2008
Reeditado em 28/06/2008
Código do texto: T1029945