Dia dos Namorados

Há coisas nesta vida que não deveriam, mas me fazem parar e pensar. Não que eu perca o meu sono (isso quando tenho sono), não é dessa forma, mas eu fico fazendo conjecturas sobre o assunto. Por exemplo, o Dia dos Namorados. Seria em tese um dia em que o amor deveria ser celebrado, comemorado, incentivado e tantos "-ados" a mais. No entanto, não acontece. As pessoas continuam alimentando ódios e violência, não importa a data e o que ela possa significar. A discórdia e a ira estão impregnando o mundo com seu mau cheiro e nós, mortais, pobres de espírito e decadentes que somos, nem notamos que às vezes, por uma bobagem, fazemos e falamos algo que alimenta esses dois sentimentos tão vazios e ao mesmo tempo tão cheios e amplos.

Esta semana, por uma bobagem, eu decidi mudar minha vida. Não sei se para melhor, realmente não sei. O fato é que eu percebi o quanto estou estagnada e isso me angustia profundamente. Decidi desistir de um amor. Antes que digam "Não faça isso!" deixe-me dizer que nem toda forma de amar é válida, talvez porque muitas não sejam uma forma de verdadeiro amor. O amor real e profundo compartilha, cede, toma posições e tem atitude. É, creiam ou não, o amor pode mudar o mundo, é só darmos os devidos créditos e chances. Portanto, eu vou mudar o meu mundo. Chega de amores doloridos, onde só um se doa, só um luta, só um pondera. Estou cansada. Cansada, porém não vencida. Eu me conscientizei de que eu tenho direitos. Antes eu só via e cumpria meus deveres; agora, finalmente, percebi que tenho direitos: direito de ir e vir, direito ao respeito, direito de ser feliz. Eu mereço. E certamente preciso de alguém que me mereça também. Estou sendo arrogante? Não, de forma alguma! Estou me valorizando, em amando, fazendo jus ao "título" de Filha de Deus (não é assim que as religiões nos chamam? "Filhos de Deus"?). Então, estou construindo, aos poucos, meus dias felizes. Não estou começando hoje, Dia dos Namorados aqui no Brasil; comecei a faze-lo no dia em que um botãozinho ligou em minha mente e coração e me fez perceber que eu mereço mais e que também eu posso dar mais de mim para quem fizer por onde. Nunca mais eu quero passar meus "Dias dos Namorados" sozinha, encarando obrigações. Se eu estiver aparentemente sozinha, podem acreditar, estarei, na verdade, na melhor companhia material do mundo: Eu.

Rita Flôres
Enviado por Rita Flôres em 12/06/2008
Reeditado em 08/02/2017
Código do texto: T1030562
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