Teoria do banheiro feminino

Tem aumentado, assustadoramente, o número de homens interessados em compreender os segredos da mente feminina. Ultimamente, por exemplo, tenho ouvido, de vários amigos rapazes, os seguintes questionamentos: por que vocês (mulheres) vão tanto ao banheiro? O que têm tanto para fazer lá? E por que só vão juntas?

Às vezes, eu me pergunto se os homens fazem esse tipo de interrogativa para tirar sarro da cara das mulheres... Pois as respostas são tão claras e óbvias, para mim, que fica difícil conceber como o sexo masculino não percebe, não pega essas coisas simples no ar! Entretanto, eles devem se perguntar, igualmente, porque nós sofremos tanto para programar um DVD. Respeitando as diferenças, vou, pois, explicar a parte que me cabe. A parte que eu entendo, e que acho incrível você, meu amigo, não entender: a minha. Tentarei tirar suas dúvidas e transportá-lo, mais ou menos, para um banheiro feminino.

Antes de mais nada, vou explicar para você, em termos de probabilidade, por que nós só vamos acompanhadas. É que existem duas possibilidades: ou a mulher que está conosco é nossa amiga ou não. Se for, nós a chamaremos, com certa, porque: 1- é melhor ir acompanhada do que sozinha; 2- temos algo importante para dizer a ela (esse algo você saberá mais tarde). Mas, se ela não for nossa amiga, nós também a chamaremos, por 2 motivos prováveis: 1- se estivermos interessadas em conhecê-la; 2- se ela representar um perigo para nós (seria ridículo se ausentar e deixá-la na mesa conversando com os homens, principalmente se for linda e brilhante! Aqui, nosso instinto de sobrevivência apita, porque ninguém quer se arriscar. Infelizmente, a competição é dura e quem der mole, dança). 99,9% das mulheres se encaixam em pelo menos uma das 4 categorias que citei para você. É por qualquer uma ou mais de uma delas que, geralmente, convidamos nossa companheira de mesa a ir conosco ao lavabo, toalete, banheiro. Teve espaço para mais de um lá dento, estamos convidando.

Agora, capítulo 2: o que fazemos lá. Aqui, cabe um antecedente histórico sobre o banheiro. O banheiro surgiu em Roma e era público. Teoricamente, um lugar para fazer as necessidades fisiológicas. Mas por, trás das cortinas (ou das privadas, se bem que não existiam), era lá que se tramavam os assassinatos de personalidades importantes, era lá que se poderiam ouvir os fuxicos, saber das maracutaias e safadezas, combinar golpes, etc. Pois bem: o banheiro romano é a essência do banheiro feminino moderno.

Além das necessidades triviais e da vaidade, nossa ocupação básica no banheiro é tramar. Bem à moda dos antigos. Falamos, dentro de um banheiro, tudo aquilo que não poderia ser dito fora dele. Tudo, tudo o que não queremos que ninguém (principalmente os homens) escute.

De fato, é lá que contamos os fuxicos, falamos mal do sexo oposto (para depois falar bem de novo), comentamos a vida alheia, e, principalmente, mas principalmente, combinamos a estratégia a ser usada logo em seguida, quando sairemos de lá lindas, inocentes, mãos lavadas e enxutas, como se não tivéssemos feito nada além de xixi. Com o leve detalhe de que nosso xixi dura mais de 10 min...Vamos muito ao banheiro simplesmente por que vemos nele mais possibilidades de uso do que os homens. Entenda aí possibilidades verbais mesmo.

E fique sabendo, amigo: uma mulher que volta à mesa após ter ido ao banheiro é como um general que volta ao campo de batalha depois de reunião com sua equipe de guerra. Os detalhes da situação estão esclarecidos, a estratégia, traçada, e ela vem, absolutamente poderosa, meigamente perigosa, posicionar-se em seu lugar, para botar o plano em prática. E você se sentirá (e assim o deve) como um adversário que não pode compreender os planos de guerra de seu oponente, porque, quando o assunto é países, ainda vai, mas, quando o assunto é mulheres, não existe espionagem. Porque (babe) você não pode entrar no banheiro feminino. E eu não te dei sequer uma vaga noção do que rola por lá.

Jéssica Callou
Enviado por Jéssica Callou em 24/01/2006
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