Escrever sobre escrever

Escrever sobre escrever

Esta é a primeira crônica que me proponho a escrever. Então ela é breve.

Segundo um texto de Artur da Távola: “A crônica é a expressão das contradições da vida e da pessoa do escritor, exposto que fica, com suas vísceras existenciais à mostra no açougue da vida, penduradas à espera do consumo de outros como ele, enrustidos, talvez, na manifestação dos sentimentos...”.

Esses termos “Açougue da vida”, “penduradas à espera do consumo” me fizeram pensar, no porquê e para que escrever.

Pensei nas estrelas, distantes, sozinhas, permanentes, e tão brilhantes. Explicitamente expostas e intocáveis, inspirando sentimentos.

Escrever é meio assim, se sentir estrela. Penetrar nas frestas, dos corações em pedra, exibir-se às curiosidades, iluminar sem distinção olhos enamorados ou marejados, desafiar e deixar-se consumir. E em cada ser que sua luz alcance, ser mastigada, digerida e expelida, deixando no íntimo pequena faísca de vida.

Talvez escrever seja coisa de egoístas altruístas, que tripudiam com afagos de mãe.