Despertando Novamente

Quando eu comecei a escrever (isso faz muito tempo), tinha idéias românticas, sonhos de amor e paixão. Escrevia histórias de amores impossíveis que, no final, tornavam-se mais do que possíveis; perdões sem razão de ser, beijos roubados na chuva. Hoje escrevo sobre o cotidiano, sobre emoções ressequidas, sobre seres sem pudor e carisma. Fico pensando se me tornei um de meus personagens de hoje. Pergunto-me onde foi parar aquela jovem que desejava com todo o coração que tudo desse certo, que todas as pessoas encontrasse a felicidade. Quando me sento em frente ao computador, paro por um momento e tento me visualizar. Não a imagem que reflete no monitor, mas a imagem real, aquela que habita dentro deste corpo, desta "casca" que acomoda a minha alma. Ontem eu fiz isso. Coloquei uma de minhas músicas preferidas, e me olhei por minutos. Olhei dentro de meus olhos e descobri, lá no fundo, que a menina cheia de idéias e esperanças ainda existe. Ela está sonolenta, sem ânimo, mas ainda vive em mim. Preciso confessar que uma emoção que eu pensara não mais existir tomou conta deste meu coração tão ferido. E tive medo. Sim, tive muito medo porque descobri que ainda posso ser ferida. Mas esse medo também me mostrou que ainda não é o meu fim; que ainda posso me erguer e seguir. Posso fazer alguém viajar através de minhas palavras. Isso é maravilhoso e indescritível! Depois de tanto tempo, a menina sonolenta começa a despertar. Talvez eu não possa realizar meus sonhos mais caros, mas posso fazer alguém sonhar. Ainda há esperança.

Rita Flôres
Enviado por Rita Flôres em 18/06/2008
Reeditado em 08/02/2017
Código do texto: T1039710
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