cena de uma recente versão cinematográfica para o romance O AMANTE DE LADY CHATTERLEY



   TIRANDO A ROUPA NO MELHOR ESTILO

  ( um momento recente de lucidez descontraída, graças a você meu amigo...)


                Escrevo assim, de forma rápida, só pra não deixar passar o calor do momento, pois as coisas aqui são muito voláteis, as palavras escritas e depois lidas, esboroam-se, olha esta palavra, é feia demais, não...melhor é dizer,  as palavras escritas e lidas, transfiguram-se em ondas suaves, se foram ternas e amigas como as tuas. Mas a tua marca não tarda, eu adorei a forma de você dizer que eu não preciso ser tão disfarçada ao te mandar beijos, qual seja, a de dizer que sendo homem e mulher, podemos ter um diálogo de Adão e Eva, de corpo inteiro, e não da cintura pra cima. Sabe, uma mulher como eu, ao pensar nesta coisa de corpo inteiro, fica um tanto inquieta... e de que adianta não falar, não é? ou fingir que não ouviu? 
               Despir-se de toda hipocrisia tem sido a coisa mais difícil pra maior parte das pessoas, e, enquanto umas se escondem das outras, todas guardam inúteis segredos de verdades comuns a todos os mortais. E aí,
jogar pedras e ovos nos travestis é coisa de quem deseja retirar da vista algo que oferece profunda perturbação. Seria mais saudável canalizar pela via menos destruidora certas energias cuja presença provoca atitudes as piores imagináveis. Os fofoqueiros seriam pessoas das mais discretas, caso conseguissem olhar pra si mesmos, coisa que certamente lhes custa um grande sofrimento.
                 E nunca deixar para a caduquice a possibilidade de extravasamento de impulsos contidos a vida inteira. Isso é realmente lamentável. Como a senhora já velhinha, que pegando uma carona com um conhecido, lhe segredou que ia encontrar com o namorado no motel. E como o senhor doente que, ao receber a visita de uma amiga, ao ver-se sozinho com ela, disse que se apressasse e deitasse na sua cama, quando a esposa saiu do quarto. Uma vida inteira de sacrifício para construir a imagem de homem correto, para depois ser traído pela ausência de lucidez.
                 Quando crianças, eu e meus irmãos éramos aconselhados a não dizer os tais nomes feios. Havia uma velada censura em olhares e alguns discretos beliscões. Mas aquela mãe que belisca ainda está lá e a vemos em outros rostos,aprovando ou desaprovando, então deixamos de nos expressar com naturalidade. É tão desagradável dizer que não aceita o doce, só pra não fazer feio. E a água na boca diante de uma possibilidade à qual recusamos mecanicamente, como animais treinados por condicionamento. Eu tive que jogar fora um pacote de balas que ganhei de um senhor gorducho que bebia pinga, como prgmática forma de eduação contra os perigos do prazer. E a esse incidente, juntem-se outros e pra nossa suposta segurança,  carregamos uma grade de isolamento invisível mas eficiente em amarrar braços e pernas. 
               Hoje eu desfraldei a bandeira anti-reflexos condicionados estraga prazer. Pois estou aprendendo a encarar a vida como um atraente jogo onde não deve haver lugar para a culpa. E compreendendo, no mais profundo de mim mesma,que jamais a dingidade de uma mulher, bem como a do cidadão contemplado com a visão de suas intimidades, localiza-se no detalhe anatômico do seu entre pernas. 
                Desnecessário é dizer que senti um inusitado prazer em estar viva e com saúde. Porque tal estado não deve ser percebido somente quando uma doença indica seu declínio, ou diante de uma ameaça de morte. O que acontece muito frequentemente...
tania orsi vargas
Enviado por tania orsi vargas em 19/06/2008
Reeditado em 19/06/2008
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