AONDE ESTAMOS INDO?

Olhar pela janela já não parece o suficiente, enquanto a chuva cai e, convidativa, arrebata-me a um novo mundo. É triste, sim, muito triste descobrir que a vida não tem mais o mesmo valor. É triste, insuportávelmente triste, pensar que todo aquele brilho perdera-se nos trilhos do trem. Atirar-me da janela não faria sentido, além do mais, ficaria sem ver a que nos conduz a vida. Ao longo do caminho vejo paisagens intrigantes, verdejantes, belas; demandam, distantes, sonhos incompletos, imperfeitos, imparciais. Não sei o que sou nem o que sei, sou apenas fruto do incompleto ser em que se transformou a humanidade. Uniu-me o ódio à parede, e descobri no meu rosto os traços imperfeitos no espelho. A vida é o espelho. A vida é o caminho. E o caminho é o espaço em que percorremos em busca de alívio, mesmo quando os estigmas parecem inaliviáveis.

O trem continua sua jornada - nas estrelas ou em qualquer lugar, não me importa - só quero ver onde vai parar e quem sobreviverá.

Arriscar um võo Ícaro ao sol, através da janela, junto à paisagem inconfundível. Se alguém conhece a resposta de tudo o que busco, diga-me antes que eu seja aniquilado pela dor.