Conversa com Dotô Digo.

Passa das vinte. O dotô Digo me liga. Quase um monólogo, fala acelerado que quase não dá chance de eu intervir na conversa. Dentre outras coisas, me conta que continua enxuto, noventa e dois quilos, que está de carro novo e é um ponto oito, que em março termina o mestrado em Belo Horizonte... Nele tomar um fôlego, pude intervir – Ô seu cachorro, ontem foi meu aniversário e você nem fala um parabéns? Ele me diz que não tem lembrado do aniversário de ninguém e que até do afilhado, se não é a sua mãe que liga para avisar, ele esquece. Que ele havia vendido a agenda eletrônica onde constava todos os nomes e datas de aniversário dos amigos e que o sujeito que comprara nem lhe havia pagado... Numa retomada de fôlego, consegui novamente poder falar – Mas Digo, eu consigo lembrar os aniversários dos mais próximos, você por exemplo é de vinte e oito de junho – é isso mesmo, respondeu ele. Agora, menos trôpego e eu um pouco mais ligeiro, emendei: O gripa é de trinta e um de maio, o Ruan do dia sete de abril, o Dag e o Delmo são de março, acho que do mesmo dia. Não, o Delmo é de vinte e dois e o Dag de vinte e três. O Levi que é do mesmo dia do Dag. Disse a ele que o “niver” do Gripa, o meninão do Guaporé, era fácil. Eu houvera associado ao aniversário do Marcos Paulo, que é muito “gay” e estavam sob o mesmo signo de gêmeos. Numa retomada dele, me diz que lembro mesmo é do aniversário de todos os meus amores.

O dotô não deixara de ter uma “pá” de razão. Não me lembro de aniversário ou desaniversário de alguém que eu não tenho um bocado de consideração. E isso equivale a dizer um tanto de afetividade.

Ao término da conversa lhe admoestei: não vai esquecer de sábado, hein? É o aniversário da Nádila, a sua namorada! Ele disse valeu e que eu era uma agenda eletrônica.

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Não, não sou uma agenda eletrônica. Quinze é dia da Mônica Miss, ontem foi também do Luís Alfredo, do Flama e da irmã da Dóris e hoje estou muito bem!