Andantino

O relógio bate e passa algo da meia noite. Senta na cama ainda com a roupa de dia e pára ao olhar suas coisas. Espalhadas, obviamente, mas que no dia seguinte saberia onde encontrar todas.

Pega Cecília por uns instantes - e porque lês? -. Vê seu tênis embaixo da mesa e o suporte de partitura intacto. Toca o celular.

- Azul? - desliga.

E toca insistentemene. Atende.

- Azul? Azul?

O chiado da TV ainda é perceptível. Segundos depois, a nota lá soa constante. O clima fica denso, a pressão no quarto aumenta.

Finge - como sempre - o inacontecimento. Ajeita-se na cama e começa a escrever.

O relógio bate e avista as horas na cômoda - passa das onze.

Seis de Junho, a Rev. Francesa não acontece há tempos.

A pilha acaba, e são dez e meia.