Futebol com Badé.

Quando combinei a “pelada”com a V7, estava mesmo pensando em me criar em cima daquela turma.

O Badé “Dono de João Neiva”, havia passado na minha sala de trabalho, com um largo sorriso na “lata”. – Olha Joel, não vai esquecer o nosso trato futebolístico! – Claro Badé, não vamos “bater fofo”.

Horário de verão, um pedaço de dia ainda pela frente, o campo ladeado de gente com aparelhos nos dentes, as cigarras se “rasgando” de cantar nos arvoredos depois da cerca. Só faltava fogos para virar festa.

Calcei as chuteiras como quem pratica uma liturgia: dando peso a cada mínimo gesto. Depois a camisa de treino do Vasco, para dar sorte e disfarçar a incipiente “pança”. Gel no cabelo seria demais...

Os “V7” entraram em campo de mãos dadas e vistosamente uniformizados com direito a fotos com câmera digital e tudo. Pensei: depois do jogo vão deletar essas fotos por desgosto!

Bem que disse o Alf, o Eteimoso no episódio em que ele viu a senhora vizinha peladona: “certas coisas só ficam bem na nossa imaginação!” Fui traído pelo ufanismo... nem um minuto, um moleque, bem baixinho, chamado de “Bambu”, passou fácil por meio time e guardou a bola no barbante. Depois outro e mais outro e mais outro. Parei de contar no sexto. Não estava me entendendo com a “pelota” que parecia viva, com vontade própria e malvada. A garotada se multiplicava, só se via gente vestida de laranja no campo e jogando fácil. Estava travado, rijo, um touro praticando futebol. Quando ouvi os gritos de olé, tive uma brilhante idéia: em mais uma jogada pelas minhas costas ( entenda no sentido literal), caí e já que estava caído, fingi-me de morto, recusando a enfrentar aquele mundo inóspito. Tínhamos um reserva: o professor Jésu. Bem que poderia ser Jesus. Saí...

Quando o jogo acabou, o Badé veio em minha direção e como numa cena de “Pedro, o escamoso”, pensei: O Badé vai mangar de mim, mas um sujeito que mete um Velaton para deixar o topete neste tom ruivinho e usa um tênis de velcro vermelho, não pode me gozar. Aí ele me falou – já jogamos juntos, agora só falta tomarmos umas cervejas lá em João Neiva.

O cara era melhor que eu. E eu não merecia tomar cerveja nenhuma e nem abraço de cachorra!

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Joel Rogerio
Enviado por Joel Rogerio em 28/01/2006
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