VIDA DE MENINO.

Quando agente é moleque a vida é diferente.

Moleque faz arte. Mas, não entende o vocabulário e portanto não sabe que arte é pecado.

Agente se reunina na matinha e tinha o concurso de punheta.

Ganhava quem batia mais em seqüência.

O prêmio era uma daquelas revistinhas suecas.

Era um tal de moleque com olho fundo e pernas bambas.

Depois, agente ia pro rio tomar banho,roubar manga e levar tiro de sal no rabo.

Ficava todo mundo pelado em nossa ilha de nudismo.

Era pra chegar com a roupa seca em casa com cara de coroinha.

Agente xingava o padre e rezava Ave Maria na primeira comunhão.

Chutava bola, "rancava" a unha, cortava o pé no caco de vido. O meu pai era o enfermeiro e o barbeiro da turma.

Agente "rancava" tábua do piso da ponte pra ficar olhando as calcinhas das mulheres lá debaixo, dentro da água, descascando umas.

Agente cagava no jornal e embrulhava direito, deixava no balcão do português miserável só pra ver a merda feder.

Quando tinha dois namorados roçando no muro, agente passava no meio deles e tascava o dedo na pomba da menina e saia correndo.

Quando agente é moleque tem um reino sem rei e meio que sem lei agente não sente a opressão.

Depois, agente fica recordando, entre um intervalo e outro de repouso, quando agente trabalha seis dias pros outros e tem um só pra gente, as travessuras de menino.

E nesse dia de descanso não brincamos mais...já não temos o pique. Amanhã é segunda-feira.

jose antonio CALLEGARI
Enviado por jose antonio CALLEGARI em 29/01/2006
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