O que resta dos Beatles

Em Buenos Aires, depois de circular pela rua Florida, uma casa de souvenires, na Galeria Pacífico, chamou-lhe a atenção. Ele procurava presentinhos para os amigos e, ali, entre mil badulaques, pequenas imagens à base de epóxi fizeram-no entrar: John Kennedy, Richard Nixon, Adolf Hitler, Mahatma Gandhi, Fidel Castro, Hugo Chavez, Margareth Thatcher, Carlos Menem, Lula, Idi Amin Dada, João Paulo II, Dalai Lama, Buda, Bob Dylan, Madonna, Bob Marley, Jimmy Cliff, Stevie Wonder, Ray Charles, Frank Sinatra, Pelé, Emmerson Fitipaldi, Ayrton Senna, Nigel Mansell, Muhamad Ali, Joe Frazier, Mike Tyson, Popó, Osama Bin Laden... Até o rabino Henry Sobel - aquele colecionador de gravatas - estava lá.

Em portunhol, ele arriscou:

- Quanto pelos Beatles?

- Sete cada um. Vinte e oito pelos quatro.

- Ahn... E vende separado?

- Sim. Cada um sai a sete pesos....

- Então, me dá 10 John Lennons...

O vendedor retirou-se e, após alguns minutos, com estatuetas de John Lennon sobre o balcão, comunicou:

- Só restam sete.

- Tá bom. Embrulha pra presente... Separadamente, por favor.

Nisso, o gerente aproximou-se e argumentou com o balconista:

- Ei, Pietro. Assim não dá. Você está vendendo os últimos John Lennons. Desta maneira o conjunto fica desconjuntado. O que diabos eu vou fazer com três Beatles?

Ouvindo aquilo, o cliente veio em socorro do funcionário:

- Olha, moço, na vida real, o conjunto também está desconjuntado. Pense bem: se você fizer uma promoção de George Harrisons, a loja fica com o que restou vivo da banda: Paul McCartneys e Ringo Starrs.

Pagou e, enquanto o gerente da loja coçava a cabeça, ele desapareceu no meio da multidão da calle Florida.

e-mail: zepinheiro1@ibest.com.br