A Festa de Viver

Nesta data, às exatas dezoito horas e dezesseis minutos,completo meus vinte e dois jovens aninhos de maternidade .
Minha filha única cumpre anos de sua tão desejada existência neste mundo.
E eu também.
Aniversariamos juntas,afinal.Ainda que por razões diversas,embora próximas.
Ela desfila a graça de sua juventude,de seu vigor e de infinitas possibilidades.
Eu comemoro vitórias.
A melhor delas,a mais grandiosa é a de poder olhar no espelho e ,ao procurar-me aquela bonita mocinha,encontrar-me esta senhora inteira,apesar do mapa que o tempo encarregou-se de traçar na minha face.
Ela descobre-se mulher e ,às vezes se atropela.
Eu me reconheço nesse olhar maduro ,que me fita em todos os espelhos desta casa e ,às vezes me interpelo.
Há muitos espelhos aqui.
A começar pelo reflexo dela que há em mim e do meu próprio que habita nela.
Eu olho pra essa menina-moça-mulher e gosto do que vejo.Agrada-me observar-lhe os trejeitos tão marcadamente meus e seus.Felicito-me, num misto de alegria e de saudade.
Sinto saudade de um bebê que ainda ontem mamava no meu peito.De uma meninazinha que me chamava de 'mãetchinha'.De uma garotinha que precisava da minha mão pra atravessar as ruas.De uma adolescente travessa ,que tantas vezes me fez tomar sermão dos professores na escola por espevitamento exagerado.
Sinto saudade de mim mesma.
Dos planos que fiz,dos sonhos que acalentei,de uma pele lisinha que sabe Deus onde perdi,dos homens que amei,do amor que recebi,de uma barrigona que eu ganhei um dia.
A minha barrigona não se perdeu.
Deu à luz uma menina linda que aniversaria hoje.

Para Melynne Teijeiro Medeiros no dia de seu aniversário
Zully Oney Teijeiro Pontet
Enviado por Zully Oney Teijeiro Pontet em 31/01/2006
Reeditado em 31/01/2006
Código do texto: T106473