ESTAMOS TODOS NO INFERNO
Se você fizer questão de acreditar no ditado Dantesco que o
inferno é aqui, e se esse aqui for realmente o mínimo enquadramento,
triangulável ou não, em que você possa estar posicionado,
convenhamos então, que o inferno é minúsculo, ou que na melhor das
hipóteses, temos seis bilhões de infernos. Todos moldados para os
mais fantasiosos gostos e desgostos.
O meu inferno particular seria de repente acordar no meu
velório e ver uma missa, ou um cultinho, mesmo que fosse um bem
curtinho, comendo a torto e a direito em minha homenagem. Gritaria
para todos que eu não morri, e ainda ficarei mais um tempinho aqui no
meu inferno.
No seu inferno particular você seria o seu próprio capeta,
seria um “migo mesmo, brigando comigo mesmo”, poderíamos exorcizar
o nosso próprio anjo de luz. Não usem estacas, lembrem-se que é um
demônio e não um vampiro. Vai que calha de você errar a mira da
estaca e fique mal falado no seu inferninho.
Mas tem um lugar especial em que todos os infernos se
reúnem. Apesar de os demônios serem muito invocas nas igrejas, não
é de lá que eu estou falando, estou falando é dos inferninhos mesmo,
daquele local que vamos quando estamos de saco cheio, onde as
mulheres de vida difícil aliviam a ânsia dos nossos “cramulhões” em
nossa facil vida. É um dos únicos locais em que a solidão dos Ades é
dissipada, lá é o paraíso dos infernos, lá, viramos um só. Lá é o que há!
Já o inferno do Lula, seria talvez a retirado do suculento
osso de sua boca, e ele se veria de uma hora para outra tendo que
trabalhar, e veríamos todos que “nunca na história desse país” um
osso foi tão bem aproveitado por um governante como esse o foi, mas
isso não seria o fim da Putaria Total.
O inferno do imperador Maia está infestado de “Aedes
Carioquides”, o inferno dele não é solitário, lá ele tem até um santo, o
Nosso Senhor do Bom Fim. E é graças a eles dois que nós cariocas
estamos tendo um bom fim.
E o inferno dos pais é quando os seus rebentos não podem ir
para os seus depósitos (escolas), seja pelo feriado ou pela falta
da “tia”, daí a progenitora tem que tomar conta do seu próprio filho,
isso para a maioria é o inferno. Diria a dona Maria:
E agora de quem eu vou reclamar se o meu filho nada lembrar,
mas ele já sabe falar, já sabe andar, mas não sabe copiar, é aquela
professora que eu vou pegar! Obrigação de colher o que plantei, que
nada, eu quero é a minha bolsa qualquer coisa, e minhas coisinhas a
um real, filhinho vai ver se já chegou o vale gás.
Ah! Dona Maria antigamente a senhora vinha com a bolsa e
a bacia, agora a bolsa esta vazia e a bacia foi vendida no ferro velho
para comprar a pinga. Hoje o seu sofrimento é com a gota, gota não
da pinga, mas sim do seu ácido úrico que entorta suas juntas. E o seu
Zé, seu digno marido, que rouba sua canjibrina, amacia a sua carne
dando umas porradinhas, mas a noite como um bom marido encara a
senhora com um tesão adiposo.
-Que carne de primeira nada, eu quero é a Maria!
O inferno do vagabundo tem sempre um capeta tentando
arrumar um emprego para ele, é a tia que liga para dizer que soube de
uma vaga de faxineiro, é a irmã que soube de uma vaga de porteiro, é
o irmão que pergunta se quer ganhar um dinheirinho para pintar a sua
sala, que nem precisa de uma pintura, mas o maninho resolver ajudar
o vagabundo a ganhar um dinheirinho, o vagabundo não quer
trabalhar, vagabundo é vagabundo e pronto. Vagabundos de todo o
mundo, uni-vos!
E o inferno do namoradinho que vai até a casa da menininha,
chegando lá, aquele clima lindo, uma varanda só para eles, chovendo
canivetes, cachorro enchendo o saco, sogrão e sogrinha na sala
vendo novela, e totalmente alheios ao perigo em sua porta.
Namoradinho mete a mão por baixo do vestido e encontra um algo a
mais, um quê diferenciado, um ponto de exclamação um tanto quando
esférico de mais. O menininho vê que tudo estava muito fácil, o
menininho estava bolinando um outro menininho. -Mas que inferno!
Brada o garoto. O cão que tudo ouvia e os sacos enchia, caiu na
gargalhada, que bobo é esse cão, o seu inferno é muito pior do que o
inferno da “meinha” para um cão muito pior do que tê-lo infestado de
gatos, ou um que só se teriam mangas para se chupar, daí vem o “cão
chupando manga”, uma vida infernal para um cão é uma vida sem
olfato, como imaginar um cão desprovido da nobilíssima função de
cheirar a bunda dos outros cães? Como?
Qual é a sua realidade? Qual é o seu inferno? Tente concebê-
lo. Garanto que fará um bem horrível a sua alma. Mas caso tenha
muita dificuldade nesse exercício de autoconhecimento, lembre-se
existirão sempre os inferninhos para acalentar sua alma.