... Escritor maluco ...

Meu sonho é ser um escritor. A única forma que encontrei para isso é escrevendo. Escrevo, escrevo, e escrevo. Coisas doidas, banais, sem sentido. Como se a vida possuísse algum sentido, não é mesmo? Vamos escrevendo e aprimorando aquilo que ainda não tem cheiro nem tom. Um dia a gente chega lá, mesmo que pelos idos de 2030. A gente espera.

Meus heróis são malucos, e eu corro o risco de me tornar um escritor maluco como eles. Eles não morreram de overdose, na verdade ainda estão vivos. Não tenho heróis falecidos. Ando me envolvendo com Camus e Clarice Lispector, e talvez aconteça aí algum affair.

E por aí, como vão as coisas? Entusiastas, amadores, profissionais, semi-profissionais. Todos escrevem. Por algum motivo escrevemos. É bom deixar os rastros nas linhas, e reler, encontrando nossos pedaços por aí, pela vida.

Quando tinha nove ou dez anos escrevi uma cartinha para o dia dos pais. Minha mãe guardou aquilo, e até hoje ri de algumas palavras pouco convencionais para a minha idade à época. Desde então já era meio doido. Escrevia versos para a Ermelinda, uma branquinha linda com quem estudei no primário, em rascunhos que meu pai trazia do trabalho. Um diário improvisou-se em minha agenda de 1994, quando conheci Helena. Sempre houve espaço para escrever além daquilo que era visto, que parecia óbvio.

Talvez em tal época poderia ter aproveitado melhor a hipótese de ser um escritor, e não um molequinho de anotações.