Eu não sei quem te perdeu...

Quando ao partir surpreendi um sorriso estampado em seu rosto, pela vez primeira seu sorriso me magoou. Costas envergadas do peso do nosso amor nascituro, não havia lugar para um sorriso naquele momento triste quase solene para mim. Amargurado, estava envolto em nuvens negras de ilusões perdidas, realidades achadas, revolvendo nos pedaços do meu sonho, tentando encontrar algo que pudesse ser reconstruído... naquele instante como compreender seu sorriso ? Premissas falsas, promessas descumpridas, esperanças inacabadas a inconveniente realidade, que não somos o que pensamos. Não comunicamos nossas realidades, sem conseguir conjugar nossos sentidos. Como fazer para nos vermos, não como somos, mas como nos vêm os outros ? Não houve mentiras em nossas conversas tecladas nos e-mails trocados, se não um desejo insano de querer ser, o desejo expresso e oculto do outro. E se mentiras não houve nem intenção de cometê-las como diz Saramago na voz popular de seu Portugal...”Entre mortos e feridos salvaram-se estes...” Eu aqui sentindo o cansaço dos vivos que me parece mais pesado que a eterna e irremediável solidão dos mortos, tentando te explicar, que poetas são homens antes de ser poetas, usando palavras gastas, ou descobrindo novas, criando imagens lindas quando lhes tocam a alma...são homens...nada além. Dizem que até soltam gazes...não sei...não sou poeta...as vezes estou poeta ou “proeta” sei lá...quase isto. Para me despir desta magoa preciso tanto de poesia, para aceitar o sorriso em seu rosto e desejar que ele encontre o meu abraço...agora fraterno..como é possível ser. Como não encontro poesia a mão...mando um vídeo de Pedro Abrunhosa que há de suprir com folga, dizer com voz marcante ao seu ouvido...”E uma asa voa, a cada beijo teu...Esta noite... sou...dono do céu...e eu não sei quem te perdeu.” Me deliciar com seu sorriso esquecer a magoa da partida, seguir adiante.

Carlos Said

Carlos Said
Enviado por Carlos Said em 08/07/2008
Reeditado em 06/11/2012
Código do texto: T1070478
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