CRONICAMENTE PRAZEROSO...Ou uma crônica sobre o prazer!

                Estávamos entregues, cansados, saciados e ele, com aquele olhar que parece revelar o céu – de tão intenso –, entre sorrindo e sonhando, me disse: “- um dia ainda escrevo sobre esse momento. Em como me sinto depois que fazemos amor. É uma sensação muito grandiosa, diferente de tudo que já vivi”, disse ele. 

               Fiquei pensando sobre isso. Sempre me perguntei sobre as diferenças entre fazer amor, transar, fazer sexo. Existe. Sei que existe. Mas, em qual momento passamos de um estágio para outro? Sinceramente não lembro mais o que é fazer sexo ou transar. Há muitos anos só faço amor. Em plenitude.

            Creio que a maior diferença reside na entrega. Na sintonia. Na harmonia dos corpos que se conhecem e se desejam. Porém, como explicar quando isso acontece desde a primeira vez? Quando no primeiro contato o corpo já reconhece o outro como seu par? O amor nasce igualmente no corpo e na alma?  Não sei a resposta, nem é sobre isso que quero escrever.

            Quero falar do momento sublime que é o ato de amar. Só quem vive sabe do que estou falando. Os termos técnicos são incapazes de traduzir a magnitude desse momento. É algo maior que as palavras. O momento de prazer vivido ao lado daquele que amamos tem algo de sagradamente profano. É como se o céu viesse até nós. Com direito a estrelas em plena manhã, sol a meia-noite (sem precisar ir à terra do sol nascente), luas e arco-íris...    

            É um momento ímpar. Nunca se repete. Cada vez é diferente. Cada caminho percorrido, por mais conhecido que seja é sempre renovado por uma carícia nova, um jeito novo de sentir, tocar. Até o beijo, tão conhecido, tão amado, é singular. A entrega é sempre intensa. Desejada. Inteira. Algumas vezes tive medo de não retornar desse estado de transe. De ficar para sempre presa nesta teia de prazer e me perder de mim mesma, não ter de volta minha alma que voa junto com a dele para lugares indizíveis, que só elas conhecem.

            Antes de conhecer esse prazer achava exagero quando algumas amigas falavam de seus orgasmos. Pura fantasia, eu pensava. Até o dia em que conheci o amor e o vivi em plenitude. As palavras, os carinhos, o prazer, tudo é indecifrável. Morrer de prazer deixa de ser uma hipérbole para se tornar vaga tentativa de tentar traduzir em palavras o que acontece em nosso corpo e mente. 

            A letargia que nos invade depois da explosão, a languidez que se segue a fúria da entrega, o desmaiar de prazer e ter a sensação de que seu corpo flutua no espaço, a deliciosa dormência que toma conta de todo corpo durante o ato de amor intenso; nada disso tem explicação.

            Eu queria poder dizer desse momento em toda sua perfeição, mas não há palavras suficientes. Prefiro desistir e apenas sentir, lembrar. Quem sabe você consegue meu amor. Tente.  Você tem o dom da palavra escrita. Sei que conseguirá. Se alguém tem esse poder, esse alguém é você.  

            A sensação que tenho é que naquele momento, em seus braços, o céu existe. A beleza plena que Platão dizia só existir no mundo das idéias se realiza em nossos corpos: o amor se faz pleno e a alma encontra a eternidade do prazer que explode em gozos sucessivos, unindo nossas vidas e corpos numa sinfonia que é um canto de louvor aos deuses do amor e do prazer. 

           Obrigada meu amor por me ensinar a amar assim. Por ter, através do amor, me levado ao céu. Nenhuma palavra seria capaz de expressar a beleza de nossos momentos, nem a grandeza de nosso amor. 



* Imagem pesquisada no Google.

 

Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 10/07/2008
Reeditado em 10/07/2008
Código do texto: T1073996
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