SENTIMENTOS CINEMATOGRÁFICOS.

Cinema... penso ser o elo imaginário entre a tênue linha paralela da ficção e realidade. Destaca-se que a indústria cinematográfica transgride o limite entre o real e o imaginário. Analisando tal conceito, cheguei à conclusão de que o fator arrecadação, ou seja, tornar-se o “campeão de bilheterias”, é o objetivo principal dessa famigerada indústria. Não importa se atingirá, psicologicamente, o espectador, com filmes exacerbadamente violentos, ou se apelará em um “dramalhão”, capaz de fazer o “sangue de barata” chorar, emocionado.

As revelações dos mais íntimos sentimentos humanos são desvendadas, explicitamente, ao espectador, ficando este, muitas vezes, na confusão de identificar o que é real ou fantasiosamente fantástico. Dependendo da pessoa, pode o filme transformar mentes sanas em insanas. Lembram-se do estudante de Medicina, Matheus Meira (quase um oftalmologista, estando em seu último ano de faculdade), ao disparar tiros de metralhadora, aleatoriamente, na platéia que estava em uma sala de cinema de um shopping de São Paulo, após ter assistido a um filme que escancara, gratuitamente, a violência, como algo normalíssimo?

Por outro lado, já aconteceram fatos curiosos, devido às influências cinematográficas: você também não ouviu falar do relato de uma pessoa, cuja mente era de um foragido criminoso em potencial que, após assistir ao filme “Paixão de Cristo”, ao sair de sua poltrona, às lágrimas (observando a dignidade e o amor do protagonista, conhecido como Jesus de Nazaré), entregou-se à Delegacia de Polícia mais próxima do cinema?

Pois é... esse é o ponto nevrálgico da fronteira estreita entre a realidade e a ficção, envolvendo as mentes.

Nesse quesito, longe de ser xenófobo, quem nunca assistiu a um filme norte-americano que não mostrasse a bandeira listrada daquele país, de uma forma extremamente ufanista, notadamente naqueles filmes, cujos “heróis” são salvadores, não só da sua própria pátria, mas do mundo inteiro, os quais vão desde os tiros dos revólveres (que nunca precisam recarregar) contra os "selvagens" peles-vermelhas quando, por um xeque-mate, fez o chefe Seattle "aceitar" (através de uma carta, com muita sensibilidade) a submissão de "vender" suas terras, no advento da expansão populacional estados-unidense, ou ainda serem os únicos capazes de destruir um meteoro que está rumo à colisão com nosso já judiado planeta? Penso serem essas as grandes propagandas políticas de manter-se sempre no pedestal os E.U.A., a fim de ainda ser considerada a maior potência mundial, colocando os outros países (principalmente os que estão abaixo da linha do Equador) no chinelo.

Em terras tupiniquins, o cinema, no Brasil, está indo muito bem, obrigado! Contudo, destacarei um pouco do que temos de bom, também: nossas capitais, o turismo e a alegria do nosso povo, etc, pois assistir a filmes revelando somente a “pobreza miserável do sertão”, como “Dois Filhos de Francisco”, ou a poeira do interior, de “Central do Brasil”, é faltar com a propaganda do melhor que temos, nesse veículo internacional de cultura, ou seja, o cinema. Agora, estampar, na atualidade, o prêmio “Urso de Ouro”, na “sanguinolenta” “Tropa de Elite”, é ignorar a “elite” cultural de sermos reconhecidos, mundialmente, como um dos povos mais criativos e receptivos do planeta, pois somos brasileiros e driblamos, singularmente, a ficção, ao transformarmos a nossa difícil realidade!

O lado iconográfico do cinema, com suas imagens em movimento, resgatam, para mim, a história humana: seus anseios, suas ternuras, suas alegrias, enfim, suas emoções. Nos filmes antigos, notamos isso como causa patente, senão vejamos: O Gordo e o Magro, Carlitos, os Três Patetas, E o Vento Levou, Dançando na Chuva, dentre outros. Com as cores, vieram filmes de ficção e impacto: Tubarão, Allien, o 8° Passageiro, Rambo, O Exterminador do Futuro, etc.

A música no cinema é também primordial. Imagine assistir a um filme de terror ao som de um “sambinha” ou ainda assistir a um gênero de “aventura” ouvindo uma música extremamente melancólica? Penso que a compatibilidade de músicas nos filmes é fator preponderante na organização das idéias que o diretor ou roteirista tentam transmitir aos espectadores.

Indubitavelmente, a influência do cinema no ser humano, além de trazer-lhe cultura, creio ser visivelmente explícita nos sentimentos do espectador, logo após sua saída da sala de exibição: o mesmo sai “meloso” quando o filme é romântico; sai “machão” quando é violento; sai “elétrico” quando é de aventura, e assim por diante. Vejam se não é verdadeira esta minha posição: quem assistiu ao filme “O Exorcista” e, ao sair do cinema, não deu uma “olhadela desconfiada” para trás, por cima de seu ombro? Penso ser este o objetivo, ser esta a influência da 7ª arte em nossas vidas: (re)mexer até com nossos mais íntimos e profundos sentimentos! Dessa maneira, não é demais aconselhar: saindo do cinema, nunca deixe de olhar para trás, pois prudência e caldo de galinha não fazem mal pra ninguém!