O Primeiro Dia, a Última Vez.

Num dia não mais ensolarado que uma triste tarde de primavera, estava Sofia em seu casual dia de serviço quando deparou-se com um problema que não havia aparentemente uma solução. Pedia ajuda à todos aqueles que estavam a seu alcance, mas por algum motivo - divino ou não - ninguém estava apto a ajudá-la.

Veio então a idéia de pedir a ajuda a outras pessoas. Pessoas que não tinham contato algum com ela. Pessoas que não eram ninguém mais que meros mortais. Mesmo assim não encontrava uma pessoa ideal para ajudá-la naquilo que tanto a incomodava. Tinha urgência em solucionar seu problema. Precisava o quanto antes estar livre novamente para terminar sua outras obrigações diárias.

Chamou um rapaz. Um rapaz qualquer. Um rapaz que poderia de prontidão realizar tal tarefa que ocupava seu tempo. Aquele rapaz, com muita boa vontade prestou serviços sem nada a cobrar a não ser um sorriso em seus lábios como agradecimento. E assim foi.

Enquanto realizavam tarefas juntos, conversavam e se conheceram. Muito previamente, mas foi algo que o fez se interessar muito em conhecer melhor aquela pessoa que tanto o instigou a entrar como um penetra em um local onde ele não era nem de longe bem-vindo. Depois de muito tentar e muito ouvir "não", conseguiu sua passagem para dentro daquele local onde pessoas estranhas se moviam de um lado para outro, se divertindo como nunca. Parecendo que aquela seria a ultima vez que estariam em um lugar tão empolgante quanto aquele.

O jovem rapaz então andando de um lado para o outro, procurando por aquela pessoa tão especial que o fez esfrentar várias pessoas para poder mais uma vez encontrá-la não o conseguia, deixando desesperado. Subiu então um lance de escadas um pouco curtas, para procurá-la em um outro recinto. - Provavelmente ela está no andar de cima trabalhando.

No andar de cima, ele ainda a procurava, e ainda via apenas estranhos fazendo coisas estranhas. - Coisas das quais nunca gostou e que achava ridículo - . Parou repentinamente de andar quando a viu. Atrás de uma pequena mesa, exercendo mais um de seus deveres designados para aquele dia. Sem pensar em mais nada a não ser se aproximar dela, foi direto a seu encontro, com um sorriso de uma criança vendo se aproximar seu presente de Natal.

Conversaram muito pela noite inteira e muito se conheceram. Sentiu-se meio confuso, pois sentiu algo dentro de si se movimentando, parecendo como se estivesse renascendo novamente. Mas não fisicamente, mas de uma outra maneira mais especial. Uma maneira mais bonita de se renascer. Sentiu algo que há tempos não sentia.

Dias depois a encontrou novamente, conversaram muito mas, desta vez, sem pessoas estranhas envolvidas para atrapalhar o contato entre eles. Sua consciência o fazia pensar nela como uma pessoa especial. Uma pessoa que se poderia entregar a própria vida para salvar a dela. Mas como expor seus sentimentos se Sofia poderia estranhar esse ato tão vil de dizer a uma pessoa o que naquele momento não poderia ouvir o que aquele rapaz queria dizer?

Mesmo assim ele o fez. E para sua surpresa e felicidade, os sentimentos de Sofia eram recíprocos, mas mesmo assim ela não poderia retribuir da mesma maneira que ele gostaria de lhe proporcionar. Um dia depois Sofia o telefona, dizendo para se encontrarem em um local escolhido por ela. Sem pensar duas vezes ele vai, contente por mais uma vez pelo menos encontrá-la.

Chegando ao ponto de encontro, eles conversam um pouco e ele percebe algo diferente em Sofia. Percebe que algo estava faltando nela. Percebe que agora Sofia poderia retribuir da mesma maneira que há dias ele gostaria. Ele procura por palavras para falar com Sofia, e sua única resposta é um lindo sorriso que nem mesmo o mais brilhante raio de sol poderia ofuscar.

Foram felizes por três meses e quatro dias, até o dia em que Sofia, parecendo muito confusa e triste decide acabar com aquela felicidade que o rapaz sentia. Ela decide por dar um passo atrás, alegando algo indecifrável para ele. Coisas que não conseguiu entender e não aceitava. Porém no final, aceitou o seu trágico destino e tentou viver uma vida perto do normal novamente. O que não consegue até hoje a fazer.

Hoje, cinco meses e quatro dias depois, ele ainda vive apenas para vê-la passar. Mesmo ele sabendo que hoje ela a considera novamente um estranho. Tão estranho quanto aquele dia em que precisava de ajuda, mas ainda não sabia para quem a pedir. Tão estranho quanto qualquer um que passa por você e passa direto, sem mesmo trocar um olhar para saber se provavelmente o conhece ou não.

Pessoas ligados aos dois dizem que as vezes ela ainda pergunta dele. Dizem até que ela tem algo a dizer para ele, mas que por vergonha ou orgulho não o faz.

Luiz então hoje espera até o dia em que Sofia estará novamente ao seu lado. Espera pelo menos que isso aconteça. Sua esperança nunca morre. Não por Sofia.

Poderia eu então dizer que Luiz ama Sofia?

Voodevilish
Enviado por Voodevilish em 12/07/2008
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