SUICIDA
Recordou os momentos de alegria. Raros, mas efusivos...
Em sua memória, aqueles que compartilharam os efêmeros dias de alegria, e o amaram.
Lembrou-se das conquistas, das perdas, dos sofrimentos, das erradas decisões, das buscas...
Infindas buscas.
Lembrou-se da dilacerante dor, da mais cruel Decepção...
A Desilusão...!!!
O parar de errar; de quebrar antigas promessas... de sofrer.
Abriu o Livro:
“Se o teu olho te faz tropeçar...”
“Se tua mão te faz tropeçar...”
As lágrimas escorriam-lhe pelo rosto.
O soluço, o desespero esperançado.
Sobre mudo criado, a final solução... o solidário, e solitário, companheiro.
O fim de uma vida de ilusão, de buscas, de sofrimentos, de...
Tomou-o em sua mão.
“Se o teu olho te faz tropeçar....”
Reverberavam as mudas palavras em seus ouvidos, em sua mente.
Não eram os seus olhos, ou as suas mãos, ou os seus pés...
Era o seu coração, a sua alma.
“Melhor é entrar cego, do que perder-se...”
“Melhor é...”
Trêmula, a mão postou-se sobre o peito.
O estampido surdo e seco quebrou o mórbido silêncio.
O rosto retesou-se por um momento,
E o corpo repousou plácido, sobre o leito.
Livre dos medos, e já resgatado de suas dores,
Seguiu o seu destino.
Estaria liberto de sua eterna angústia?
Em seus lábios, um sorriso de paz.
Assim pensara:
“Melhor é a certeza do inferno, à viver sempre em dúvida e escravo da rejeição.”
Moses Adam, São Paulo, HSBC, março ou abril 2007