O EXISTENTE E INVISÍVEL

Os entendidos afirmam que a filosofia teve início quando a magia e o ritual cederam, de forma lenta, lugar à ciência e ao controle. Também afirmam, que é a única ciência capaz de fazer com que a alma olhe para cima, objetivando o existente e invisível.

A propósito, li em “O Dia do Curinga”, de Jostein Gaarder, um diálogo interessante entre pai e filho. O filho pergunta para o pai se ele acredita em Deus e acrescenta: se realmente existe um Deus, então ele adora ficar brincando de esconde-esconde com suas criações. O pai ri da observação do filho e diz: Talvez Ele tenha tido um choque quando viu o que tinha criado e então saiu rapidinho de cena. O filho insiste:quer dizer pai, que você acredita em Deus . Ao que respondeu o pai:Não disse isso. Mas pode muito bem ser que ele esteja sentado em seu trono lá no céu, rindo de nós porque não acreditamos Nele . E relatou para o filho a seguinte conversa:

Certa vez, um cosmonauta russo e um neurocirurgião, também russo, discutiam sobre o cristianismo. O neurocirurgião era cristão, o cosmonauta não era. Já viajei muitas vezes para o espaço sideral - gabou-se o cosmonauta - mas nunca vi nenhum anjo. O neurocirurgião primeiro ficou olhando para ele; depois disse: E eu já operei muitos cérebros inteligentes, mas nunca vi um pensamento.

Feito o poeta Drummond: “Mais leio, leio. Em filosofias/ tropeço e caio, cavalgo de novo”. Um dia, quem sabe..., Eu ao invés de contentar-me com o materialismo de Demócrito, que afirma que na realidade não existe nada a não ser átomos e espaço, alcance a significação, o sentido, a idéia dessa ciência capaz de fazer com que a minha alma olhe para cima. No momento estou perdida e tão por fora quanto Sócrates quando disse: “Uma coisa eu sei é que nada sei”.

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 14/07/2008
Reeditado em 14/07/2008
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