MINHA ALMA CHORA

MINHA ALMA CHORA

Hoje, acordei um pouco mais cedo.

Normalmente o fazia quando o sol ardia na sua atmosfera verânica.

O albor ressurgia com suas auras pouco cintilantes, traduzindo na alma dos poetas a sublimidade da poesia e o tédio agoureiro aos boêmios que por ventura deixassem a noite em vastos desesperos do coração.

Havia no esplendor da manhã que desabrochava, um presságio de futuras horas apoquentadoras. Na esférica imagem do horizonte, ainda pardacento, afiguravam-se formas escuras dos cedros na planície como fantasmas que caminhando por ali, iam à busca de outras regiões denegridas do universo.

Contemplei, inativo de meus passos, aquela corola de imagens que penetrava em meu cérebro, pleno de reminiscências e saudades...

Saudades? Saudades de quê?

Talvez eu não soubesse. As vezes percebo que minha alma divaga por esses ermos horizontes e se encanta com as belezas que existem do outro lado deste mundo.

Hoje, eu acordei um pouco mais cedo, apenas para chorar!

Embalsamei as pupilas e a face adormecida com o orvalho de lágrima dos meus olhos.

Por quê, tal sucedeu?

Seriam os fragmentos de minha alma, dilacerada pela incompreensão?

Talvez...

Dizem que na solidão, as nossas almas são como folhas de outono que caem e vão perdendo a vida, assim como os alfarrábios vão perdendo a cor.

Não ! Que jamais eu seja assim!

Devo avaliar a magnitude da alvorada que engolfa as noites com as rutilações de um dia que nasce; devo entender que as horas de tédio não existem para a criatura que ama e que trabalha pelo progresso.

Então, nesta manhã que despertei chorando e em todas as outras que por ventura surjam igualmente apáticas, direi o seguinte:

- Estas lágrimas, são bênçãos que vem do céu a fim de tirar de dentro de mim, as tristezas que se condensam na alma!

Júlio Sampietro
Enviado por Júlio Sampietro em 05/02/2006
Código do texto: T108298