Roteiro turístico de Aracajú

“É sempre hora de partir e recomeçar”.

Arara e caju deram origem a uma bela cidade, Aracaju. Ante as demais capitais do nordeste brasileiro é ainda pacata muito arborizada e silenciosa, embora se aproximando aos ares de metrópole com o progresso urbanístico em aceleração. Permite ainda uma certa qualidade de vida. Os traços arquitetônicos, o antigo, o rio, o mar, as pontes, a simplicidade e o aconchego são coisas profundas que permitem aflorar os sentimentos como fonte que brota do rochedo.

Aracaju dos papagaios, dos frondosos cajueiros, dos coqueirais, dos manguezais, das mangabas dos rios e pontes ah, as cocadas. Quanta delícia para uma visitante sensível e ao mesmo tempo profunda e errante, ávida por desvendar segredos; novas conexões entre o mundo de paisagens artificiais e o mundo natural.

“A vida tem sons que para a gente ouvir precisa começar de novo”.

Na manhã, de 27 de março, cedinho, pousando os olhos sobre a bela paisagem do mar de águas turvas, da varanda do hotel, na orla da praia de Atalaia, deparei-me com a algazarra dos sanhaçus, e dos pardais e com o cheiro dos manguezais, inebriei-me e deixei-me enlevar pela fina chuva que desfiava. Como gosto de chuva, recebi como um presente daquela terra que acabara de me receber e que muito desejava conhecê-la.

“Preciso aprender começar de novo”

Entre o congresso e conhecer a foz do Rio São Francisco, optei pelo segundo, claro, era meu objetivo maior. Em um transporte da empresa de turismo, Nozes Tur, parti para o município de Brejo Grande, entre outros turistas gaúchos, para no ancoradouro apanharmos o catamarã e navegar por duas horas nas águas do São Francisco até sua foz. Foram momentos de energização e introspecção com o divino. Um total desprendimento do real como se estivesse sitiando a orla do paraíso. Uma hora desfrutando da paisagem de águas mansas, emoldurada por verdejantes coqueirais. No momento da chegada do encontro das águas do rio com o mar, meus olhos vibraram de tanto encantamento, com tamanho esplendor e magia, que ficará para sempre na minha memória. Voltamos para o ponto de partida, porém meu desejo era de ali permanecer, ficar imóvel, inerte e nunca mais voltar à realidade.

Resgatar a memória da inclemência do tempo é preservar nossa identidade.

No domingo, após o encerramento do congresso eu, a Maria do Céo e Maria Helena, dirigimo-nos para as cidades históricas: Laranjeiras e São Cristóvão. Laranjeiras por si só é um museu a céu aberto, Igrejas, casarios, pedras seculares, nos deleitam com olhares do passado.

Há uma ponte toda em pedra muito antiga sobre o Rio Cotiguiba, conhecida como ponte do matadouro. Sabe-se que no século XVIII nesse rio navegavam navios cargueiros saindo de Recife para o do Rio de Janeiro e Santos São Paulo. Quando o navio demandava o canal de acesso ao Porto de Aracaju foi apanhado por fortes vagalhões, batendo no fundo e desgovernando-se. Partiu ao meio após a tentativa de resgate, no ano de 1873. Informações do guia e de moradores locais.

A vetusta São Cristóvão fundada no ano de 1590, por Cristóvão de Barros, considerada a quarta cidade mais antiga do Brasil, a primeira capital de Sergipe. A cidade nos encanta com seu fabuloso acervo de obras sacras, seu museu é um dos mais importantes do país com cerca de quinhentas peças dos séculos: XVII, XVIII e XIX. O que muito me chamou a atenção foi um antigo harmônio do século XIX, que ainda é possível arrancar um som quando se põe o pé nos seus pedais. Fez-me recordar a um semelhante que existia na Igreja de minha terra natal.

Não resitei, seria impossível ficar indiferente deixando de registrar sobre os encantos que Aracaju nos oferece.

Rosa Firmo

Natal 6/04/2003

Roseli
Enviado por Roseli em 16/07/2008
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