COMIDA NO LIXO

Coisas acontecem para que possamos aprender a conviver com o amor. O amor genuíno. O amor ao próximo!

Certa vez, ao entrar em uma padaria, vi um mendigo revirando um tambor de lixo. Ele estava à procura de algo para comer, pois se tratava de um lixo muito especial: lixo de padaria.

Qual foi minha surpresa: o mendigo achara um pedaço de mortadela, em meio às porcarias que iam desde panfletos de propagandas a bitucas de cigarros, jogadas por transeuntes que aproveitavam aquele tambor para depositar seus lixos.

Terrível ver um semelhante com fome!

Antes dele começar a abocanhar tal “tesouro alimentar”, pedi-lhe que jogasse fora aquele resto de mortadela novamente no lixo, prometendo-lhe que em seguida, lhe compraria pão, presunto e mussarela para saciar sua fome.

Mais que depressa, o rapaz maltrapilho, porém feliz pelo meu argumento, obedeceu-me, sem pestanejar.

Fiz, ali mesmo, um “sanduba” de três andares para ele. Deixei-o comendo e adentrei, mais uma vez, à padaria, pois com esse rebuliço todo, havia-me esquecido de comprar meu próprio pão.

Saindo para a calçada, eis que vejo o mendigo, novamente, revirando o tambor de lixo. Daí, meio atônito, perguntei-lhe:

- Você não comeu o lanche que fiz para matar sua fome?

- Sim! Respondeu-me.

- Então... por que cargas d´água você voltou a buscar o pedaço mal cheiroso de mortadela no lixo? Indaguei-lhe, em tom quase severo.

Foi quando o mendigo explicou-me, limpando e mostrando o pedaço de mortadela, o qual já apresentava um aspecto todo ensebado:

- Sabe, meu amigo, esse é para viagem... Não sei se amanhã terei a sorte de encontrar um outro amigo, assim como você!!!