Poesia com Cara de Brinquedo
O grande Manoel de Barros é um poeta excêntrico.
Seus versos têm o mesmo gosto da água que escorre na peneira,aquele cheiro de lesmas,uma opacidade de sol,o vôo das árvores nas raízes dos pássaros.
É um folguedo senil de dizer-se tudo em nada e a conseqüência juvenil do encontro na incompletude.
Doce e inquietante leitura o velho Manoel!
Vem acompanhando algumas madrugadas minhas,ainda que eu desejasse dormir, a lê-lo tão sofregamente.
Ele instiga e intranqüiliza a minha serenidade de dentro.
Ele apazigüa e incompleta a minha loucura de fora.
Diabo de velho safado!
Brinca com as palavras,como se o mundo fosse sério esse senhor.E me faz sentir miúda diante da formiga sem bunda,e me faz sentir gigante sob a estrela que ilumina um ser desabrido.
Estou em chamas de rio que corre para o vento.
Manoel faz isso com a gente.