Poesia com Cara de Brinquedo

O grande Manoel de Barros é um poeta excêntrico.

Seus versos têm o mesmo gosto da água que escorre na peneira,aquele cheiro de lesmas,uma opacidade de sol,o vôo das árvores nas raízes dos pássaros.

É um folguedo senil de dizer-se tudo em nada e a conseqüência juvenil do encontro na incompletude.

Doce e inquietante leitura o velho Manoel!

Vem acompanhando algumas madrugadas minhas,ainda que eu desejasse dormir, a lê-lo tão sofregamente.

Ele instiga e intranqüiliza a minha serenidade de dentro.

Ele apazigüa e incompleta a minha loucura de fora.

Diabo de velho safado!

Brinca com as palavras,como se o mundo fosse sério esse senhor.E me faz sentir miúda diante da formiga sem bunda,e me faz sentir gigante sob a estrela que ilumina um ser desabrido.

Estou em chamas de rio que corre para o vento.

Manoel faz isso com a gente.

Zully Oney Teijeiro Pontet
Enviado por Zully Oney Teijeiro Pontet em 07/02/2006
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