Antes que seja tarde.

Sábado de sol. Roda de amigos. Pausa para ver a paisagem que ignoramos no ir vir pela longa avenida  que nos leva à Ponta Negra.
Nossos olhos se acostumam com o belo e passam a esnobá-lo. Ontem parei para ver mais um quadrante lindo de minha cidade.
Não era o mar que me encantava dessa vez, ao contrário, a paisagem que eu via encobria o mar; em um  verde mais escuro, ela se espalhava sobre os morros diante de mim.
Ouviamos música ao vivo e entre risos a tarde corria para o luar. Às vezes é preciso esquecer as dores e apenas rir. Foi o que fiz.
Mudamos de cenário, mas levamos a mesma vontade de ser feliz. Mais música. Mais daquela deliciosa alienação. Até que no quarto ou quinto dvd da noite ouvi Elis, em uma música que não conhecia e da qual não lembro o nome, nem a letra.
A rainha cantava que era preciso dizer algo antes que fosse tarde (não era a composição de Ivan Lins). A alegria saiu de repente. Chorei o que tentei esquecer durante todo o dia. Reencontrei uma antiga dor.
Inevitável. A vida é assim: a gente ri e a gente chora.
Acordei de alma limpa. Sem tristeza, sem ressaca, porém consciente que ainda conservo cicatrizes do que foi um grande amor.

Evelyne Furtado, em 20 de julho de 2008.
Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 20/07/2008
Reeditado em 20/07/2008
Código do texto: T1089108
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