193 - NO CAMINHO DA VIDA

No mundo conturbado em que hoje vivemos, onde os valores estão totalmente distorcidos e onde os bens materiais se sobrepõem absurdamente aos valores espirituais, quero fazer aqui uma homenagem que considero muito mais do que justa.

A palavra “herói”, por exemplo, foi tão banalizada que até os participantes do famigerado “Big Brother Brasil” são assim considerados pelo apresentador daquele programa. Pilotos de Fórmula-1 e Fórmula Indy também são heróis na opinião de locutores e comentaristas do esporte. Jogador de futebol que faz um gol no finalzinho do jogo e dá a vitória a seu time ou goleiro que defende um pênalti, por exemplo, agora também são considerados heróis. E, claro, existem muito mais situações onde aparecem esses heróis camuflados, mas não tenho a menor vontade de relatá-las.

Sinto-me agredido quando vejo esses arroubos inconseqüentes de gente que ganha uma fortuna para falar bobagem e enaltecer um bando de gente que não veste a capa de herói, mas assim é considerado.

Enquanto isso, médicos, professores e cientistas são abandonados à sua própria sorte, muitas vezes tendo que largar a profissão por falta de condições financeiras para seu próprio sustento.

Como disse ao início, neste texto eu quero fazer uma homenagem aos profissionais que considero verdadeiros anjos da guarda de toda uma população. Refiro-me aos bombeiros – também chamados de homens do fogo – e que hoje também podem ser chamados de homens da água, homens do ar e homens da vida. Seja qual for a situação difícil que se apresente, sempre lá estarão esses profissionais, agindo com todo o empenho e humanidade.

Somente nesses últimos dias assisti a três acontecimentos onde eles estavam presentes e que tiveram um final feliz.

O primeiro ocorreu em Cotia/SP, onde um caminhão desgovernado tombou após uma curva, caindo sobre o corpo de um menino de 10 anos de idade, que só não morreu porque havia uma depressão na pista e seu corpo ali se encaixou, evitando, assim, que fosse esmagado pelo peso do caminhão. Depois de muito tempo os bombeiros conseguiram retirá-lo de lá, mas, infelizmente, teve que ter um braço amputado. Entretanto, sobreviveu e não corre risco de vida.

O outro caso aconteceu em Nova Iorque, durante um incêndio no penúltimo andar de um prédio de pelo menos 10 andares. Havia um morador desesperado ameaçando jogar-se pela janela devido à fumaça que já o intoxicava. Até que um bombeiro que estava no topo do prédio, decidiu descer através de uma corda até onde se encontrava o morador. E com muita garra, determinação e dedicação, conseguiu salvar a vítima, que foi levada a um hospital, apenas com a intoxicação produzida pela fumaça.

E no terceiro, novamente no Brasil, os homens do fogo foram chamados para retirar um cavalo que havia caído dentro de um poço. Depois de muitas tentativas, e com o cavalo já totalmente exausto, a operação foi um sucesso. O animal foi retirado são e salvo.

Três situações distintas, três vidas salvas, três atos de verdadeiro heroísmo.

Um dos bombeiros que participou da operação de salvamento do menino sob o caminhão declarou que, ao participar de uma operação que termina de forma positiva, vai para casa com a sensação do dever cumprido e com o ego explodindo de alegria. É a dor se associando à alegria de mais um salvamento.

Então, meu amigo, antes de chamar alguém de herói ou simplesmente aceitar passivamente o que nossa “mídia” chama de herói, pense bem na realidade da vida e em quem trabalha e se dedica para lhe proporcionar um pouco mais de amor e segurança.

É o 193 no caminho da vida.

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Arnaldo Agria Huss
Enviado por Arnaldo Agria Huss em 23/07/2008
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