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Esta crônica é uma homenagem  a todos os  meus amigas malucos e aos malucos de minha família que também me acham maluca. 
Em especial à Fafá, Zezé Rabello, Julia (que vai ser vovô viva) como ela diz, Leda, Baby Lara, Beta Hargreaves, Ingrid Stelmann, Mariana Fontes, Tê Mattos, Elicea Ribeiro,Mauro Mendonça, Bruno Santinho, Robson Terra, Tônia e a maluquinha assumida ,aqui do recanto, Angela Lara. E também ao meu querido CACAUBAHIA
Fatos reais acontecidos com uma ou um dentre os especiais. Porém, aqui, deixo  a livre-escolha   para o leitor. 


INOCENTES  LOUCURAS DE UMA AMIGA MALUCA
 
Tenho uma amiga maluca. Sem problemas. De médico e louco todos temos um pouco Dizem também, as más línguas, que amigo de louco é  um outro louco, mais louco ainda. Eu não me importo com isso. Minha amiga é deliciosamente maluca. Maluca de lambuzar. Sua maluquice é tanta, ao ponto de sua loucura ser bem maior do que a minha. Pelo ao menos, eu penso assim. Também não sei se ela acha o mesmo de mim. 
 
Ela é do tipo “louca distraída” e, além de distraída,  é esquecida. Eh! Eu tenho uma amiga distraída que me distrai, mas suas loucuras não me enlouquecem.  De tão distraída, é divertida. E eu a amo. Amo suas loucuras inocentes e lambuzadas de humor. Na sua companhia ,qualquer pessoa é só felicidade e risos incontidos.
 
Quando eu a conheci, já era desse jeito. Ela mesma acredita que veio com esse pequeno defeito de fabricação. Como sempre  olhei-a com os olhos do coração, esses chamados defeitos, pra mim, são perfeitamente perfeitos.
 
Minha amiga é uma daquelas pessoas que Deus colocou no mundo para botar um tempero especial na vida dos outros. Pensando bem, ela é uma iguaria para ser devorada com prazer. Normalidade, com ela, não tem vez.   
 
Até alguns mal-humorados desprevenidos costumam provar a saborosa alegria de sua maluques.  Para ela, mau-humor nasceu morto. É capaz de rir de si,  de suas próprias histórias com roteiros  sem pé nem cabeça. Quase surreais.
 
Ela sempre foi assim. Tem uma enorme mania de organização. Detalhista para coisas pequenas. Ela nunca perde uma chave, uma caneta ou os óculos. 

Porém, nunca pergunte a ela onde estacionou o carro. Quando se sai com ela, você deve estar preparado para brincar de chicotinho queimado. 
 
Cansou de perder o carro na rua.
 
Você, ai na minha frente, está entendendo? 

O carro.

Ce –a- erre – erre - o. 

Carro!!!
 
A chave jamais. .Esta ela sempre a guardou no mesmo lugar em sua bolsa.
 
Mas o CARRO!
 
"Quanta diferença”.
 
Perdi a conta do número de vezes que amanhecemos nas ruas da cidade tentando localizar aonde ela o havia estacionado. 

E era sempre a mesma coisa, com o rosto apavorado ela dizia: 
- Genteeee!!! Meu carro foi guinchado.
 
No inicio de nossa amizade, era um auê. O grupo de amigos se separava em dois a dois e  em várias direções na procura do bendito carro. Quando achado, era uma festa e ela não se fazia de rogada. Na sua teimosia resistente, simplesmente exclamava um Oh!
 
E afirmava de pé junto que não o havia deixado ali. Aquela rua? Ela nem conhecia.
 
Certa vez, criou a maior confusão num estacionamento onde era mensalista. 

Era época de Natal. Ela havia saído para fazer umas compras e guardara o carro em sua vaga. Ao voltar não o encontrou. Começou a chorar. 

O dono, para não ter problemas, chamou a polícia e fez um boletim de ocorrência. Ela apresentou os documentos do carro aos policiais e juntamente com as testemunhas necessárias assinou o boletim Partiu para casa, de carona com uma amiga, pensando se recuperaria o carro.
 
Em casa, guardou os presentes e foi até a garagem para pegar alguma coisa... que não se lembrava bem. 
 
Qual não foi a sua surpresa?
 
O carro estava ali. Paradinho. Intacto.
 
E agora? Como voltar ao estacionamento e contar ao dono o seu equívoco. E que o carro estacionado na sua vaga era o de sua mãe? Ela havia esquecido que o pedira emprestado, por causa do tamanho do porta-malas.
 
Mas minha amiga é corajosa. Acima de tudo honesta. Calçou a cara e foi desfazer a confusão.
 
Um belo dia ela resolveu entrar numa academia de ginástica. Estava na hora de trabalhar o corpo. Trabalhava muito sentada e isso, segundo ela, dava barriga. Em tempo, ela nunca teve barriga alguma. Tinha sim, como ainda o tem, um corpo no formato de violão. E isso também já foi motivo de muito riso. Dela e dos amigos, testemunhas oculares da situação.
 
Éramos um grupo de amigas, todas jovens. Estávamos numa cidade de praia. Fazíamos compras de biquínis novos para expormos nossos corpos ao sol. Foi quando os biquínis começaram a ficar menores. Imagine um bando de mulheres saindo de uma loja biquínis, enroladas com uma canga amarrada à cintura e felizes da vida. Cada uma se achando mais do que a outra. Porém, essa minha amiga era a dona do corpo perfeito. Não havia homem que não a olhasse.
 
Durante “o trajeto da loja até a areia, um desses caras, mais assanhado, se virou e falou para ela:
- com as cordas desse violão, eu tocaria até uma pun.........”(deixo para completar, sei lá onde este texto vai chegar).

Ela sorriu. Empinou a cabeça e foi andando na nossa frente.
 
Logo adiante, ela diminuiu o passo, chegou até nós e soltou essa: 
- Gente, que instrumento é aquele que o camarada falou que tocaria. 

Foi uma gargalhada geral (uma informação- apesar dela já ter vinte e três anos, na época, era muito inocente). 

Nós a conhecíamos a fundo e foi dureza explicarmos-lhe o significado da palavra. Quando entendeu, ela deu gargalhada de sair lágrimas nos olhos, não da piada, mas da sua própria ignorância.
 
Minha amiga nunca entendia uma piada da primeira vez. Penso por ser ela mesma uma piada. 

Aos sábados, tínhamos mania de nos reunirmos no sítio de um amigo para intermináveis churrascos. 

Era uma delicia. Banho de piscina, cerveja, falar mal e bem dos outros. Era um momento de colocar as fofocas em dia e contar casos, causos, piadas e mentiras. Aa conversa rolava solta quando, de repente, apareceu, perto da piscina, uma pata acompanhada de oito patinhos. 

Todo mundo correu para vê-los mais de perto. Menos minha amiga.
  
Incansavelmente, chamávamos por ela e ela nada. Olhava-os de longe.
 
- Não! Não vou aí não. Nem morta! Sou traumatizada.
 
Olhamos para ela e uma voz soou uníssona na inevitável pergunta
- Traumatizada?  Por quê?
 
E de longe ela respondeu:
-Vocês não vão acreditar. Quando eu era pequenininha eu tinha um amigo. Ele adorava pintinho. Ele entrava no galinheiro, pegava o pintinho dele e como sabia que eu morria de medo, saia correndo atrás de mim com o pintinho na mão.
 
Nessa altura, a pata e os patinhos foram esquecidos e os nossos fígados desopilados pelos risos.
 
Quando entrou para a academia de ginástica, não entrou sozinha. Resolveu levar consigo a sua mãe. 

Numa manhã de quinta-feira, as duas já estavam atrasadas para sair e alcançar o horário da aula de gihnástica. Apressadas, resolveram ir a pé, porque de carro perderiam tempo para estacionar o carro. Voaram pelas ruas. Chegaram, a aula já havia começado. Não tiveram tempo de respirar. A aeróbica era uma corrida de vinte minutos e estavam atrasadas há pelo ao menos uns sete.
 
Terminada a aula, foram para o vestiário tomar um banho e se trocarem. Foi quando se olharam e começaram a rir. 

As duas haviam se esquecido de vestir um moletom ou qualquer outra coisa por cima.  Aí, elas entenderam os tantos olhares curiosos em direção das duas, durante o trajeto para a academia. 

Haviam atravessado três quadras inteiras vestidas naqueles maiôs de ginástica, pelo centro nervoso da cidade. Da nossa cidade. Aonde não existe praia.    
 
Eu poderia continuar escrevendo, aqui, intermináveis histórias dessa minha amiga maluca, tão querida e amada por mim e por todos os seus amigos .Essa amiga que, um dia, numa praça da Itália, depois de estar entediada pelos passeios turísticos programados nos pacote do agente de viagem, foi capaz de se vestir  de cigana só para ver as pessoas correndo com medo dela, quase criando um problema internacional.
 
Esse delicioso tempero da vida anda sumido. Suas maluquices ainda continuam adoçando as minhas lembranças, assim como hoje. Estou com saudade dela. Certamente, deve estar malucando por outros continentes. 
 
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