Nu com a mão no bolso

Gostaria de começar este texto com um trecho da música “Pelado”, do Ultraje a Rigor. Lá vai: “Proibido pela censura, o decoro e a moral / Liberado e praticado pelo gosto geral”. É uma pena que pensem que essa letra é totalmente inocente. Quanto mais nos vestimos dessa cultura mais estamos pelados. É como o Gabriel Pensador: “às vezes eu fico puto”. Vontade de jogar tudo pro alto. Sair “caminhando contra o vento sem lenço e sem documento”.

Bruno Gouveia, em “Descivilização”, nos apresenta uma alternativa: “Qualquer dia desses ainda pego o meu carro e sumo daqui. Vou aonde der a gasolina. Daí em diante ando a pé, até encontrar carona em carro de boi.”. Essa roupagem me sufoca. Quanto mais penso ter menos tenho. E não consigo parar de pensar. Isso vem de lá um pouco antes do vestibular. “Você tem que passar no vestibular”. “Ter carro do ano, TV a cores, pagar imposto, ter pistolão, TER FILHOS NA ESCOLA, férias na Europa, COMPRAR FEIJÃO”. Puta que pariu, meu gato pôs um ovo”, mas não era de ouro. A galinha está curtindo a vida de surfista num paraíso fiscal. “Tô de oio no sinhô”.

Já ouvi dizer que essa música não tem nexo. Tipo: se o cara tá pelado, como pode tar com a mão no borso?. Que iluminada percepção de mundo. Então tire a mão do bolso pra ver só!!

jeferson bandeira
Enviado por jeferson bandeira em 27/07/2008
Reeditado em 16/10/2011
Código do texto: T1099582
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