juro que não fui eu também

Hoje a crônica não será tão agradável assim. O título quase diz tudo. Apressadinho. Ou somos nós? Segundo José Paulo Paes, “a poesia morre toda vez que se publica um mau poema”. O universo literário se transformou num jogo de egos. Hoje em dia é fácil ser autor de um livro de poesias. Para cada cem leitores, sem contar a qualidade destes, há cento e um cabotinos. Mais uma vez o Raul tem razão: “é muita estrela pra pouca constelação”.

"Sou um poeta de fina estampa". "Minha mãe adora o que escrevo". "Minha namorada carrega meu livro embaixo do braço. Pra lá e pra cá. Feito o novelinho em Debussy, de M. Bandeira". Se todos almejassem essa qualidade. "Sou exemplar". Exemplar vendido. Leitor incompreendido. “Meu amor é doce, suave como algodão-doce”. Percebam a efemeridade desses versos. Há uma junção sinestésica. Toda uma aura de infância retratando a fugacidade do amor. Isso na opinião desses críticos precoces. Sou um poeta completo. Percebo a qualidade onde ela se encontra. “Beija-flor, pássaro altaneiro, seu canto benfazejo é a alegria das camélias”. Com tudo eu faço poesia. Façamos um teste. Cachorrinho. “Animalzinho amigo do homem, mesmo com fome ou na sarjeta, aceita o destino que se oferta”.

“A poesia está morta, mas juro que não fui eu”. Também pudera... poesia é rima.

jeferson bandeira
Enviado por jeferson bandeira em 28/07/2008
Reeditado em 16/10/2011
Código do texto: T1101771
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