Pensando sobre os amigos

Amigo... Bom, com uma boa pitada de misericórdia, reconheço que antes de tudo é também um ser humano, por isso o especulo considerando o conjunto de todas as suas características, sejam qualidades ou defeitos, pois acredito firmemente na idéia de que não há amigo perfeito, e que não há alguém exatamente igual a mim, ou a você, ou completamente diferente de nós, mas é claro, em casos especiais os amigos se encontram em meio as afinidades e se reencontram em meio as divergências.

O amigo é alguém que tem a capacidade de sentir compaixão ao ver o sofrimento de um coração vazio, e então decide ocupar lá um espaço. É aquele que tanto poupa na fala algumas vezes pra te ouvir, é aquele que te admira mas se houver alguma ocasião de necessidade, ele te critica sem usar muito de eufemismos. É o tipo de pessoa que esperamos virá-la ao avesso e não encontrar falhas para conosco, e não, não, isso não é cobrança de perfeição, é verificação da existência de respeito e empatia, pois quem respeita e se põe no lugar do outro compensa suas falhas que logo após o ato de retaliação não existem mais. Não há amizade que não haja falhas, fissuras, imperfeições que tanto deformam a ponto de causarem certas vezes uma ruptura, mas o amigo verdadeiro sempre é reencontrado em meio a essas imperfeições, e os males ficam pra trás, as imperfeições já são de pouca importância, o amigo vale mais...

E realmente, mesmo depois de inúmeras rupturas e afastamentos é sempre bom encontrá-lo novamente ao nosso lado, partilhando interesses antigos, conversas novas, até porque amigo, amigo mesmo, por mais que nós o mandemos embora e ele saia meio mundo a fora, nunca é dado por perdido.

Mais uma definição agregada à palavra amigo: “Amigo não é aquele que sempre erra e te pede perdão ele simplesmente te poupa disso”. Ele também não é aquela pessoa que compete contigo, mas sim aquela que pode observar uma maneira de ambos crescerem, com auxílios e aprendizados trocados.

Tem mais... Sabe aquela pessoa que te dá um tapinha, quase como um afago, no ombro pra você virar em direção a ela e então recepcionar aqueles braços grandiosos que vem em sua direção simulando um abraço que geralmente é dado em excesso quando você está triste, a mesma pessoa que sorrir das tuas bobagens, pula e até dança estranho fazendo algum tipo de comemoração quando você está feliz... Pois sim, essa pessoa é amiga!

É certo que corremos o risco de nos depararmos aí pela vida, com certas pessoas que nos pregam peças terríveis sobre a concepção que criamos sobre “amigo”. Conheci um dia desses um “ogima” (Nome estranho? Nada... Você de certo conhece alguma pessoa que lhe possa ser delegado esse nome, não duvide). É literalmente o contrário de “amigo”. Vamos lá definir seu comportamento, atitudes e características agregadas: Você está no fundo do buraco, não há para onde correr, ou como alguém lhe surgir de ajuda, mas eis que ele aparece e AHÁ, lhe joga uma pá! Quando você vê uma lusinha no fim do túnel, ele procura a bendita luz, vai lá e PÁ, apaga ela (claro!).

Aliás... Pensando bem, foi ele que lhe convenceu que papai Noel não existe, tudo isso porque ele descobriu primeiro e não queria ser desiludido sozinho, sem contar as revelações arrasadoras sobre coelhinho da páscoa, fada do dente, etc.

Ainda tem daqueles bem descarados sabe, que colam em você ( lhe sendo designado o mais nobre e carinhoso apelido que existe, o de “amigo da onça”) descobre todas as suas atrocidades, manias estúpidas, defeitos físicos dantescos (um pé maior que o outro, a última unha do mindinho da mão sem ser cortada) e escancara para quem quer que queira saber e obviamente para quem não quer também.

Ele morde e assopra, mas quando passa a dor e você vira as costas então ele aproveita e lhe dá um baita dum beliscão, mas não, não, não foi ele pobre coitado...

Enfim, na sua frente ele é silencioso e branco feito bruma, às suas costas mais parece buá de vedete, todo ouriçado.

Ah sim, sobre a alimentação deles: O que comem cobras?

Dá medo não é? Mas nem se assuste muito, sabe, eu soube por gentileza do acaso que eles sempre põem os pés pelas mãos, deixe então que eles se embaralhem todos!

Camila Trideli
Enviado por Camila Trideli em 29/07/2008
Reeditado em 29/07/2008
Código do texto: T1102516