Enquanto observo...

Enquanto ela escreve observo o quanto deixei de mim na sua história.
Não podemos nunca imaginar como podemos intervir na personalidade e nas escolhas dos nossos filhos, apenas com o exemplo.
Hoje ela é uma mulher.
Ontem um bebezinho cujas peripécias acompanhava.
Lembro-me com lucidez dos seus primeiros passos, do primeiro sorriso.
A primeira palavra: papai
Tempo bom aquele!
Tinha o “controle” da situação.
Ela precisava de mim para tudo e em tudo.
É gostoso ser mãe.
Talvez o melhor que possa acontecer na vida de uma mulher.
Filhos nos colocam limites.
Penso que se não tivesse “parido” minha história seria outra.
Tenho um lado um pouco delinqüente.
Sempre ousei muito, arrisquei.
Não me arrependo, por que de alguma forma também fui modelo.
Ela é parecida comigo.
Talvez um pouco mais centrada.
Teve mais oportunidades, creio eu.
Pude dar-lhe uma educação na liberdade.
Suas escolhas sempre foram respeitadas.
Da mesma forma é autônoma.
É...
O tempo passou.
O que vejo hoje ao meu lado, estudando, escrevendo, criando é a minha cria.
Resultado de uma construção de amor.
Fruto da cumplicidade de uma história.
Sofrida, talvez.
Mas cheia de vida, de lembranças e sonhos.
Sonhos concretizados, alguns.
Outros ainda a realizar.
Enquanto ela escreve, a observo.
Minha filha, meu amor.
 
 
(para Paulinha) 30/07/2008 Poços de Caldas