Um Dia Normal Especial
Acordou, como todas as manhãs o fazia, às 7:15. Tomou um banho rápido, fazendo a barba no chuveiro.
Enrolado na toalha, sem secar-se completamente, foi à cozinha e preparou uma tigela de sucrilhos com iogurte de morango, que tomou folheando o jornal do dia.
Ligou o rádio em uma estação AM qualquer para ouvir alguns comentários sobre as manchetes, enquanto escolhia cautelosamente a combinação de azul-marinho da calça social com a gravata que comporia a camisa branca.
Checou os bolsos do paletó usado no dia anterior para tranferir alguns pertences ao outro - o crachá, documentos e chaves - e recolhendo a pasta, rumou à porta de casa.
Lembrou-se de passar um perfume. Largou tudo o que carregava na mesa da sala e correu de volta ao banheiro. Pegou o vidro de sempre, mas hesitou. Colocou-o de volta no armário, escolhendo o outro, aquele que ainda estava fechado. Abriu-o para sentir o perfume, e aprovando, borrifou um pouco no pescoço, de forma displicente.
Ele não sabia que aquele dia seria especial, mas de alguma maneira, preparou-se. Na hora do almoço, sua futura esposa estaria sentada na mesa de trás e o abordaria perguntando-lhe o que usava, que cheirava tão bem.