Volto. Venho à tona aos poucos. Metade cá. A outra já não está mais lá. Onde está? Ainda não achei entre as caixas que permanecem no chão.
Entre os achados e perdidos encontrei The Beatles One e ouço Eleanor Rigby. Talvez chegue a algum ponto de mim esquecido. Não faz mal se não o alcançar. Eu gosto da música e me faz bem ouví-la.
A minha árvore ficou na janela de lá. De qualquer forma já é minha e mora dentro de uma das gavetas onde guardo o belo. Eu gostava daquela janela.
Mudança é absurdamente estressante. Há momentos em que achamos que nunca mais vamos ter sossego e que o nosso mundo vai ficar de ponta cabeça para sempre. Tem alto grau de periculosidade também: ferimentos físicos, dores musculares , além de exigir  concentração total para evitar  danos irremediáveis.
Meu panorama é outro. Meu ninho mais bonito e confortável. O vento canta alto aqui. A cama é a mesma que me acolhe, ainda bem.
Mas sinto o pedaço que me  falta. Espero que o tempo, ou você, faça-me íntegra outra vez. Melhor será contar comigo mesma e com Deus.

De qualquer forma, após alguns dias sem internet e TV a cabo estou voltando aos poucos ao mundo à minha volta, bem como às emoções embaralhadas e àquela parte de mim  que não sei por onde anda.
Continuo sem entender algumas coisas; meus neurônios também estão cansados. Meu coração, no entanto, torce por mim e por você.

Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 02/08/2008
Reeditado em 03/08/2008
Código do texto: T1108909
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