EU TENHO (OU ESTOU COM) CA

 

                Esta não é uma descoberta fácil de encarar. Diante dela ficamos abalados. Assustados. Na realidade os sintomas vinham aparecendo há dias, eu que os ignorei. Fui imprudente. Até perdi peso. Alteração de humor. Inapetência. Desânimo. Associei tudo isso a correria dos trabalhos acadêmicos.

                Mas é impossível guardar esse tipo de coisa por muito tempo. Os sinais começam a ficar muito evidentes. E aconteceu. Percebi que não era normal meu descontrole diante de coisas bobas. Minha vontade de fazer tudo ao mesmo tempo ou deixar tudo para depois. A pressa em falar e o silenciar prolongado.

                A necessidade de estar perto das pessoas. De saber como elas estão. O medo de perder as pessoas. De não conseguir “controlar o tempo”. Parei. Olhei-me longamente. Analisei o que estava sentindo. Contextualizei. Chorei. Permiti que as lágrimas lavassem meu rosto e admiti que sou humana. Que não posso tudo. Que apesar de me considerar forte, também estou sujeita as intempéries normais a todos os seres humanos vivos.

                Consciente de minhas limitações olhei em volta. Pensei nos meus filhos. Na minha vida. Em todo amor que sinto e quero viver e finalmente admiti. Estou com Crise de Ansiedade. Pela primeira vez, depois de anos estou sofrendo com a possibilidade de ficar longe de você. Sei que é temporário. Que logo você vai voltar, mas estou com medo. De que? Sei lá. Essas coisas não se explicam. 

                 Tantas vezes já nos separamos (geograficamente), você vive viajando, já foi para outros países e agora uma viagem que é para logo ali e nem é tão longa, está me deixando assim. Aflita.

                Sei que isso não tem nenhuma lógica, mas quem disse que sou lógica?   Nunca a saudade doeu tanto. Nunca a casa ficou tão vazia. Acho que você me levou junto e o que sobrou de mim aqui não está conseguindo viver em paz. Estou impaciente. Olhando o horizonte, tentando alcançá-lo com meus olhos, querendo sentir seu cheiro, ouvir sua voz, seu toque. 

                Fico grudada ao celular esperando você ligar. Se o telefone toca corro na esperança que seja você. Sei que  vai passar. Mas enquanto isso não acontece estou fazendo de tudo para me segurar e não sair voando até você.  


* Imagem pesquisada no Google.





Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 05/08/2008
Reeditado em 05/08/2008
Código do texto: T1113707
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