DA MALDADE HUMANA E OUTRAS HISTÓRIAS
Não há limites para a estupidez humana. Desde
o início dos tempos, são comuns os relatos sobre a
capacidade humana de cometer o mal. Aliás, não são a
toa nossas (nem tão) fantasiosas criações literárias
sobre o mal em todas as suas formas: Dráculas, lobiso-
mens e outros que tais personificam nossa permanente
capacidade de atos insanos e terríveis.
A guerra, sempre presente na história da
(des)humanidade, libera os mais terríveis instintos de fe- rocidade presentes nos homens. As riquezas, saques,
pilhagens, a escravidão, tudo isso sempre foi mera des-
culpa para exercermos nossa intrínseca capacidade de
exercer a violência. O homem e a guerra sempre andaram
lado a lado, em permanente cumplicidade. Como libertar
a humanidade de uma herança tão antiga e presente em
cada indivíduo sobre a terra?
Parece que nada pode ser pior do que a guerra. Ou
melhor, parece que a maldade inerente aos homens, quan-
do explode sem um aparente motivo, ou quando explode
por um motivo aparentemente fútil, esta parece pior. Pare-
ce ser uma agressão à sociedade de forma geral. Por isso
nos comovemos e nos enfurecemos quando uma menina é
jogada do sexto andar de um prédio, depois de ser espan-
cada; por isso nos comovemos e nos enfurecemos quando
um menino é arrastado por um carro em disparada, em uma
morte terrível. O que nos amedronta, na verdade, são os
reais e insuportáveis momentos em que percebemos nossa
intrínseca capacidade de cometer o mal. Todos os seres
humanos são capazes de cometer o mal.
Nâo há limites para a crueldade humana. Por isso
criamos instituições, criamos regras, leis, punições e casti-
gos. Há que se impor limites à proliferação do mal, há que
se impor limites para a organização do mal. Sim, porque a
maldade humana se organiza e se expande. Os sentimentos
que mais alimentam a maldade humana são a indiferença,
o medo e a covardia.
Enfim, o que nos resta, senão exercer nossa capacida-
de de indignação, de forma civilizada? O que nos resta, se -
não nossa capacidade de repúdio e organização para com-
bater a crueldade e a maldade humana? Temos somente este
caminho para uma sociedade mais equilibrada. Além disto,
resta-nos a esperança. Este é o nosso maior legado.