" A tristeza mendigando um sorriso"

"Como é triste a tristeza, mendigando um sorriso Um cego procurando a luz, na imensidão do paraíso."

Frase de uma música do Zé Ramalho que me lembra bem a situação destes velhinhos e velhinhas que visitamos nesta tarde. Pessoas que deram tudo de si para suas famílias, filhos, netos, genros e noras e hoje não vêem retorno que os façam sorrir. São colocados num lugar chamado lar, mas que na verdade não passa de um abrigo, onde se come, dorme e recebe-se cuidados médicos.

Certa vez li num site da Igreja Batista do Calvário, uma definição de lar, abaixo citada, que me chamou atenção para este assunto que abordo. Segue a definição:

"Uma casa pode ser mobiliada de um dia para o outro, mas para se ter um lar é preciso um trabalho diário onde o amor, perdão, paciência, companheirismo, carinho, abraços, aceitação, tolerância estejam presentes. Esses são os “tijolos” para se construir lares." (Gilson Bifano)

Olhando para aqueles velhinhos, todos juntos, mas ao mesmo tempo solitários, penso nestes tijolos sendo derrubados pelo egoísmo e a ambição de filhos destruindo seus lares e plantando a tristeza nos corações dos pais, hoje idosos, velhos, porém ainda cheios de vontade de experimentar momentos de felicidades com suas famílias. Tiram-lhes o direito de serem felizes por mais um tempo até que Deus os chamem.

Muitos destes velhinhos não recebem visitas de seus famíliares há anos, apenas os mantem financeiramente, sem envolvimento pessoal, sem contato físico, sem calor humano. Poucos, pouquíssimos são os funcionários destas instituições que dedicam-se com carinho à estes idosos. Quando os encontramos, logo descobrimos, são pessoas que conhecem a Deus, outras já perderam seus pais e os trata como se fossem os próprios. Talvez sintam culpa por alguma falha na convivência quando ainda estavam com eles. O fato é que é muito triste ver esta situação.

A letra da música de Zé Ramalho, me lembra alguns olhares que vi ali, pareciam querer sorrir, mas já não sabem mais como fazê-lo. Pois seus dias foram muito amargos e desaprenderam a rir. É aí que vejo... "a tristeza mendigando um sorriso". Podemos forjar um sorriso, mas não conseguimos esconder uma tristeza, porque esta se aloja na alma e é mais forte do que qualquer expressão facial. O olhar denuncia; é vago, cinzento, pequeno, como se enxergasse longe com muita dificuldade.

Esta foi a realidade que encontramos neste "lar" que visitamos. Que tristeza...encontrei uma senhora que muito alegre, enganava-se com a mentira que lhe contaram ao deixá-la ali. Tinha certeza que seu filho voltaria de viagem e a buscaria. Ela estava toda arrumada, perfumada, porque acreditava nisto. Mas ninguém sabia dar notícias deste filho que arcava apenas com o custo financeiro para mantê-la naquele lugar.

Esta e muitas daquelas famílias foram construídas sem o alicerce fundamental. Foram construídos na áreia, com tijolos de areia que em pouco tempo se desfizeram. O verdadeiro lar, a casa construída sobre a rocha, JESUS, o alicerce verdadeiro, seguro, não desmorona, são levantadas com tijolos firmes, amor, perdão, paciência, companheirismo, carinho, abraços, aceitação, tolerância...mais tarde estes tijolos se tornam uma imensa gratidão que pelo respeito é demonstrada e mantida, porque o alicerce não cedeu. E não cede nunca, se este alicerce for Cristo.

Aquela que Ouve
Enviado por Aquela que Ouve em 07/08/2008
Reeditado em 07/08/2008
Código do texto: T1116993
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