A tampa e a panela

É muito comum ouvirmos essa expressão quando se vê um casal possuidor de notáveis afinidades. Por muito tempo concordei com essa analogia, depois discordei e , hoje, volto a concordar.

Num primeiro instante concordamos, porque toda panela tem sua tampa e se encaixam perfeitamente. Assim também é o casal que tem muito em comum e dão muito certo. Quando discordei pensava em algumas coisas que acontecem com as panelas ao longo do tempo. Toda dona de casa sabe que a panela tem uma jornada árdua, é constantemente aquecida em alta temperatura para que seja funcional, passa pelo processo de limpeza quando nesse momento é esfregada com força até obter o brilho desejado por nós, donas de casa. Entre esses acontecimentos comuns que citei ocorrem outros, que dependendo da intensidade com que acontecem, podem tirar a utilidade da panela, normalmente perde o ajuste com a tampa. Pequenos acidentes casuais, são eles: quedas causando amassos, furos, alças queimadas, etc.

Na minha inexperiência achei que essa comparação nada tinha a ver com um casal, porque as panelas e suas tampas, com o tempo, perdem as suas "afinidades". Coisa de menina sonhadora, idealista que acredita na famosa frase: "...e foram felizes para sempre."

Eu e meu marido fomos alvos dessa comparação com as panelas e suas tampas quando ainda namorávamos. Hoje, vivendo a experiência do casamento, volto a concordar com a mesma.

Se observarmos veremos que tem tudo a ver realmente, mas existe uma diferença muito interessante e relevante. Enquanto as panelas e suas tampas perdem os seus ajustes, como já disse, nos casuais acidentes, os casais precisam dos desajustes que nem sempre são casuais, mas que são imprescindíveis para o crescimento maduro e carreira brilhante do casamento. Quando falo de carreira brilhante do casamento, lembro do incômodo que sente a panela quando é areada para ficar brilhando. Penso que o casal brilha a cada barreira vencida, cada problema superado, muitas vezes é como se estivéssemos sendo areados, e talvez estejamos mesmo pelas vicissitudes da vida a dois.

Você pode discordar, lembrando de casais que antes possuíam afinidades expressivas e terminaram como as panelas e suas tampas, desajustadas e desencaixadas, separadas. Eu diria a você que esses casais terminaram assim, porque não entenderam que os incômodos, as quedas, a caminhada árdua, eram necessários para o abrilhantamento do casamento. Todo ouro para ser belo, brilhante, aceso, passa pelo fogo, é depurado. O diamante pra ganhar a sua forma e espessura inconfudível e atraente, brilhante, precisa ser bem lapidado. Pensemos então em nosso casamento como sendo o nosso ouro, nosso diamante, e aceitemos o lapidar do Grande Artista, Deus, que foi quem inventou essa instituição e é quem nos dá suporte pra mantermos a sua funcionalidade. E não como sendo simples panelas que com o tempo perdem o seu brilho, sua forma e já não se encaixam mais em suas tampas.

Simone Nascimento "Aquela que Ouve"

Aquela que Ouve
Enviado por Aquela que Ouve em 07/08/2008
Código do texto: T1117102
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