Rapidinho eu Aprendi.
Ana Maria Ribas. 

Rapidinho eu aprendi. Não aprendi tudo o que preciso, mas o que já aprendi, nesses últimos dias, vou passar para vocês.

Antes! Sou escorpiana e não acredito em signos. Não do tipo "previsão para hoje". Mas de tanto me ver descrita nas características próprias do escorpião, acabei crendo que deva existir alguma coisa que nos influencie do céu, no momento do nascimento. Nada que um novo nascimento não possa curar: Jesus cura!

Mas eu dizia que sou do signo de escorpião e tenho que acrescentar que ainda não fui totalmente curada. Estou em processo de cura. Quando adoeço, choro nos braços do Senhor. Essa sensibilidade exacerbada me judia muito. Desagrada-me profundamente ser magoada e principalmente magoar. E aqui começa o que aprendi no recanto com essas características que descrevi em mim:

- Não seja demasiadamente apaixonada nos contatos recantistas.  O outro é o outro e está do lado de lá, muito longe. Essa falsa proximidade virtual pode nos fazer pensar que existe conhecimento verdadeiro. Não há. Do lado de lá existe uma pessoa com as suas particularidades, e do lado de cá existe outra pessoa com as suas particularidades. Parece óbvio? Quando for óbvio me perdoe: estou escrevendo para mim.

- É absolutamente verdadeiro aquela recomendação que todos vemos aqui, todos os dias: "mais da metade dos e-mails são mal interpretados." E alguns de forma tão severa que exigem de nós uma retratação. Por mais que eu seja cuidadosa, já tive dois reveses desse gênero. No fim tudo se esclareceu e ficou bem. Mas dá uma trabalheira danada provar que focinho de porco não é tomada. De longe dá mais ainda.

- Nada realmente substitui o talento. Mas há talento com vocação para isso e talento com vocação para aquilo. Identifique na escrivaninha que você visita, qual o talento que o escrevinhador tem. Alguns são potenciais filósofos, outros jornalistas, outros evangelizadores, outros um pouco de cada um de nós. Valorizemos  as diversas vocações.
 
-Não saia do texto sem extrair a mensagem. E evite dar sugestões sobre a construção do texto. Comente o texto, não a sua construção. Mesmo que pareça que a intimidade caiba. Não há intimidade na web, há vontade de ser. Essa lição acabei de aprender  a duras penas e sem necessidade. Mesmo perdoada eu não me perdoei.  (Acho que ela nem se ofendeu, fui eu quem me ofendi comigo, com a minha falta de habilidade). Beijos pro cê, morena.

- O escritor tem a sua marca e ela é sempre inconfundível. Todos nós saberíamos reconhecer num texto sem assinatura qual é de Lia Luft e qual é de Diogo Mainardi. Aqui, mesmo engatinhando, já temos a nossa assinatura. Não adianta esperar de uma Lia Luft o que  só Diogo pode nos entregar.

- Digo isso porque recebi dois comentários indelicados. Verdadeiramente indelicados. Um deles, enquanto eu falava sobre derrubar muros no texto, saiu dizendo: " os muros ainda estão de pé." Se estão de pé, não caberia nem o comentário. Há muros, adeus, tchau, vá caçar passarinho em outro quintal.
 
- O outro comentário indelicado foi assim, mais ou menos assim: " Você escreve muito bem mas vou te dizer uma coisa: já ouviu aquela música do Chico "Só Carolina não viu?" Esqueça o passado e viva a vida, Ana Maria. Você merece. Siga em frente." 

( Sei que você está rindo). E o pior é que era um leitor não autenticado e eu não pude responder. Mas vou narrar a minha reação interna, já que a externa foi nenhuma.

Minha primeira reação foi de defesa: " Esse cara tem a sensibilidade de um elefante. E é burro. Tem uma visão unilateral. Se eu tivesse como responder diria a ele:  "ôooo Só Carolina não viu o que os outros viram, mas em compensação os outros não viram o que Carolina viu. Estamos quites." ( Eu falando comigo).

A segunda reação foi menos defensiva: fui no texto, vi que estava muito carolinizado e descarolinizei um pouco. Ah, antes apaguei rapidinho o comentário porque ele me deixava muito abestalhada aos olhos dos outros. 
Só um pouquinho pode. 

- E aqui tiramos mais esse aprendizado: que ninguém espere de mim um texto leve, solto, sem nostalgia. Não é a minha praia. E Deus estará sempre em cada linha. O tal sujeito da Carolina podia ter procurado outra escrivaninha e dito apenas para si o que disse para mim.

- Leitores jovens são sinceros. E perspicazes. Ainda não aprenderam a disfarçar. Falam o que sentem. Cuidado com eles. Aquele que falou que os muros continuavam em pé, é um desses. Inteligentíssimo. Dada a juventude e a sinceridade, fui até lá e comentei: "os muros estão em pé para que sejam derrubados. Você quer?" Não me respondeu.
 
Acho que não quis.

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" Um escritor, como um pugilista precisa ficar sozinho. Ter as suas palavras publicadas é como entrar em um ringue. Coloca seu talento em evidência e não há onde se esconder." Palavras do Repórter americano Erick Kerman Jr. no filme que conta sua história.  - Filme: "O Resgate de um Campeão."