Pai, feliz dia.

Quero agradecer ao senhor, antes de tudo, por não teres feito parte da minha vida. Obrigado de coração.

Assim, pude me moldar por mim mesmo, ser quem Eu sou só por mim. Sem os vícios que os filhos recebem do pai. Do senhor, não tenho exemplo algum a seguir. Não tenho uma lição aprendida. As circunstâncias assim quiseram, já que não pretendo colocar responsabilidade alguma no senhor. Respeitarei a sua vontade, já decidida no momento em que nasci; ou seja, vontade nenhuma.

Meu pai, o senhor não foi às minhas reuniões escolares, não me levou ao campo (fico até aliviado, porque não suporto futebol), não me deu conselhos quando sofri por aquela garota, não me deu meu primeiro carro e nem viu Eu me tornar o homem que hoje Eu sou.

Sabe pai, todos nós erramos, mas não vou dizer que o senhor errou. Pelo contrário, pois o senhor acertou. E Eu sei que Eu sou um acerto.

Pai, conheci o senhor aos meus 18. Mas as mesmas circunstâncias não nos fizeram ficarmos íntimos. O senhor como advogado me recebeu como se fosse um cliente. Não sou juiz para te julgar. É a vida.

Meu pai, nem de papai algum dia te chamei. Nunca tive esta oportunidade. Então por que não agora?

Papai, hoje Eu sou filho. Um dia serei pai. Alguma coisa devo de ter herdado do senhor no meu caráter. Eu não sei o quê. Só que uma coisa Eu tenho certeza: Eu não serei como o senhor.

Meu filho não vai me dizer: “Pai, feliz dia”. Meu filho vai dizer para mim: “Feliz dia dos pais”.

Feliz dia, pai.

Delano Almeida
Enviado por Delano Almeida em 10/08/2008
Reeditado em 10/08/2008
Código do texto: T1121201