NÃO LEMBRO O ROSTO DO MEU PAI

Recentemente, alguém que admiro muito perdeu o seu pai e outro alguém que amo muito, conseguiu perdoar o pai, por tê-la ferido com uma palavra mal dita quando ela ainda era bem pequena. Palavra essa que a perseguiu a vida inteira, a fez duvidar dos seus sonhos, transformou em cinzas muitas certezas. Entre a perda do meu amigo e o perdão dessa outra pessoa querida, lembrei do meu próprio pai e fiquei triste comigo, pois já não conseguia lembrar do rosto do homem que me deu a vida.

É triste ter saudade de um pai que você nem viu partir ou que foi embora para o outro lado da vida, quando você era muito jovem. Tão triste é esquecer-se de um pai, mesmo quando ele está vivo.

No meu caso, sempre quis ter meu pai compartilhando comigo, esses momentos tão especiais da minha jornada. Queria tanto poder dizer para ele sobre a minha caminhada, sobre as minhas conquistas, sobre tudo o que vi; queria mostrar o que escrevo sobre todas as coisas que vivi; e no clímax da minha saudade, por um momento, lamento e encho os olhos de água e até maldigo a vida, por não ter me dado a chance de experimentar tal alegria; mas dura apenas um momento, pois logo lembro, que apesar de não lembrar do seu rosto, carrego sempre meu pai comigo.

Ele caminha em meus genes; em cada passo que dou, quando corro e quando respiro. Ele ouve as canções que escuto, lê os livros que leio, sentado sorridente em uma poltrona confortável dentro do meu coração.

Sou parte de quem ele foi, assim como serei parte de quem serão os meus filhos, e saber disso conforta o meu peito e afasta de vez, as minhas lamentações. Afinal, não há lágrimas que o homenageie melhor que o meu sorriso; por isso, nesse dia dos pais, eu quero expressar através desses escritos, que te amo muito, meu pai, você sempre foi, é e será, como dizia a canção: “meu pai, meu herói e meu amigo”.

http://cronicasdofrank.blogspot.com/