PAI NÃO PODE SER QUALQUER UM


Há um adágio popular que diz: “mãe só existe uma, pai pode ser qualquer um”. Nunca gostei dele. Não consigo aceitar nenhum tipo de rótulo. Sei que a sabedoria popular nos ensina muitas coisas, mas sempre evitei acreditar em coisas do tipo “homem é tudo igual” ou, “todo político calça quarenta”, etc.

Gosto de acreditar nas pessoas. Em seu potencial. No que cada uma pode fazer diferente, apesar da semelhança. Por isso não gosto de rotular. Sempre achei injusta a forma como as mães são colocadas num pedestal e, aos pais, é relegado um papel secundário. Vocês já perceberam a grande diferença entre a festa que as escolas preparam para o dia das mães e a dos pais? A movimentação no comércio também é diferente. Não há como negar. O dia das mães é um dia especial. O dos pais é apenas mais um dia no calendário.

Quando vamos falar sobre mães nos esmeramos em adjetivos, metáforas, hipérboles, palavras doces, suaves e tudo mais que a linguagem nos permite, mas para falar de pai bastam algumas poucas palavras, objetivas... Claro que há exceções, há textos belíssimos homenageando os pais e dando a eles a devida importância e valor que merece.

Não quero aqui diminuir o valor das mães, este é inquestionável, mas das mães verdadeiras, que assumem dignamente seu papel. O que estou questionando é a “desvalorização dos pais”. Não acho que pai pode ser qualquer um. Eu escolhi a dedo o pai dos meus filhos, não daria a eles qualquer pai. Minha mãe também nos deu um pai adorável: não no modelo pai herói, mas um homem íntegro, honesto, severo, que nunca nos falou de amor, mas que revelava este amor ao nos pegar no colo e até mesmo quando nos punia.

Um homem que não possuía conhecimentos acadêmicos, mas procurou nos ensinar sobre valores e honestidade; que não cantava para nos colocar para dormir, mas trabalhava arduamente para que nunca nos faltasse o pão; que dizia: “trote em besta e estudo em mulher não tem nenhuma serventia”, mas fazia questão que estudássemos. Um sertanejo de olhar duro, pouco sorriso, mas que chora de emoção ao ser abraçado por um filho. De mãos calejadas, mas de coração generoso.

Há pais e mães maravilhosos, pessoas que cuidam de suas crias como verdadeiros tesouros, que encaminham, apóiam, amam e protegem. Pais que assumem o papel de pai e mãe, e vice-versa. Pais, assim como as mães, são construídos na luta diária, são humanos, erram, acertam, amam, pecam, sonham, sofrem.

O filho é resultado do encontro de dois seres, claro que à mulher cabe um papel mais presente, afinal ela gera, carrega no ventre, amamenta, mas a presença do pai é importante em todos esses momentos. Eu não consigo imaginar a minha vida sem a presença de papai, mesmo de seu jeito distante, mesmo separado de mamãe, assim como não imagino o que seria de cada um de nós sem a força extraordinária de minha mãe.

Eu ainda acredito que pai e mãe são aqueles que estão presentes na vida do filho, são aqueles que cuidam e dão amor, carinho, afeto, mesmo que não possuam laços sanguíneos. Há pais e mães afetivos que são muito mais pais/mães que os biológicos. O amor é que cria afinidades, respeito, cumplicidade e não a consangüinidade. Que todos os homens e mulheres que criam seus filhos, com amor, e os encaminham para uma vida digna, possam ser chamados de pai e mãe, recebendo de seus filhos, todo o amor e respeito que merecem.

A cada um desses homens e mulheres que assumem este papel fundamental na vida dos filhos, meu afeto sincero, e meu desejo de longos e felizes dias de convivência ao lado de seus rebentos. FELIZ DIA DOS PAIS a cada um que se sentir digno de ser chamado PAI. Parabéns!

* Imagem: O PAI de Meus Filhos (o da direita é nosso) e seus filhos.

Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 10/08/2008
Reeditado em 11/08/2012
Código do texto: T1121426
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